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CIP descobre mais dívidas do Governo moçambicano

Lusa | cp
16 de agosto de 2017

Centro de Integridade Pública (CIP) acusa Governo moçambicano de continuar a contrair empréstimos "sem nenhuma transparência" após escândalo das dívidas ocultas.

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Foto: Gianluigi Guercia/AFP/Getty Images

Numa análise intitulada "Governo continua a contrair empréstimos sem nenhuma transparência", o Centro de Integridade Pública de Moçambique (CIP) acusa o Governo de ter contraído empréstimos sem o conhecimento do Parlamento, entre 2015 e 2016.  

O relatório publicado na terça-feira (15.08) pela organização não-governamental refere que as autoridades moçambicanas contraíram uma dívida de 4,4 mil milhões de meticais (61 milhões de euros) a favor da Administração Nacional de Estradas (ANE) e de 3,1 mil milhões de meticais (43 milhões de euros) para o Porto de Pesca da Beira, junto do EximBank da China.

O CIP afirma que chegou a esta conclusão ao comparar a Conta Geral do Estado de 2016 (CGE) com o Relatório de Execução Orçamental (REO) do mesmo ano, ambos publicados no portal da Direção Nacional do Orçamento do Ministério da Economia e Finanças.

Mosambik Präsident Filipe Nyusi
Filipe Nyusi, Presidente de MoçambiqueFoto: DW/B. Jequete

"Como em anos anteriores, as cifras orçamentais realizadas na CGE diferem das do REO. É natural que haja algumas divergências nos documentos, uma vez que a CGE apresenta uma análise mais consolidada das contas públicas", lê-se na análise do CIP.

No entanto, prossegue o documento, às vezes, as diferenças são bastante significativas, o que impede análises com qualidade e fidelidade necessárias sobre as contas públicas.

Dívidas atrás de dívidas

De acordo com o CIP, na CGE figuram 220,6 mil milhões de meticais de despesas (3,1 mil milhões de euros) e no REO estão 209,9 mil milhões de meticais de despesas (2,9 mil milhões de euros).

Essa discrepância traduz um aumento de 8,6% nas despesas a nível central na CGE de 2016 comparado com o REO 2016. 

"A categoria que mais influenciou este aumento foi a de Operações Financeiras Ativas, em especial Empréstimos de Retrocessão", refere o texto.

Para o CIP, o Governo devia "gerir de forma transparente a concessão e utilização dos seus empréstimos, dada a perda total de credibilidade na gestão da dívida resultante das dívidas ocultas de mais de 1 bilhão de dólares americanos", refere o relatório.

Em abril do ano passado, a imprensa internacional revelou que o anterior Executivo moçambicano garantiu secretamente empréstimos de mais de mil milhões de euros a favor das empresas ProIndicus e Mozambique Asset Management (MAM), ligadas à segurança marítima, entre 2013 e 2014.

A descoberta das dívidas levou os principais doadores do Orçamento do Estado e as instituições financeiras internacionais a suspenderem a sua ajuda ao país, condicionando o reatamento do apoio a uma auditoria internacional às dívidas.

Os encargos descobertos em abril de 2016 somaram-se a mais de 700 milhões de euros, que o Executivo moçambicano garantiu em 2013 a favor da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), à revelia da Assembleia da República e dos doadores internacionais.

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