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Clubes sem dinheiro fora do Moçambola?

19 de setembro de 2018

Liga Moçambicana de Futebol quer reformular o campeonato nacional para tornar a competição mais sustentável e evitar dívidas. Mas novo modelo pode afastar clubes mais fracos em termos financeiros.

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Fußball Mosambik
Foto: DW/B. Jequete

Os gestores da Liga Moçambicana de Futebol estão a traçar o novo figurino do campeonato nacional de futebol, Moçambola 2019, para evitar uma possível paragem por falta de fundos.

Quatro modelos menos dispendiosos foram apresentados. Um deles, o mais barato de todos, deverá custar o equivalente a 600 mil euros. O atual modelo custa aproximadamente um milhão e duzentos mil euros.

"O quarto modelo compreende a realização de uma prova de todos contra todos nos respetivos grupos, apurando-se os primeiros dois classificados de cada, totalizando quatro que irão disputar a fase final em duas voltas para se apurar o campeão nacional", explica Ananias Couane, presidente da Liga Moçambicana de Futebol.

"É um figurino possível, porque a Liga não se irá endividar", considera.

Mas este modelo, dizem os desportistas, vai baixar a qualidade do futebol nacional. Mais do que isso, significa a exclusão de alguns clubes da competição, por falta de dinheiro. O novo modelo, dividido em dois grupos, de acordo com a localização geográfica, obrigará os clubes a arcar com despesas de transporte, alojamento e alimentação, entre outras.

Clubes sem dinheiro fora do Moçambola?

"Passaríamos a ter um campeonato com equipas que têm dinheiro, que são só seis ou sete, porque não há mais", diz o treinador de futebol Arnaldo Salvado. "Quem conhece os clubes em Moçambique [sabe que] quase todos estão falidos, por isso eles aparecem e desaparecem".

"Exclusão positiva"

Seja qual for o modelo a adotar, os desportistas não querem que o Moçambola pare. Por isso, Miguel Vaz, comentador desportivo, entende que se o campeonato tiver de ser disputado por clubes financeiramente saudáveis, que assim seja.

"Acho que o Moçambola é uma prova de exclusão positiva. Não é para quem quer, é para quem pode", afirma o comentador. "Se o Moçambola tiver que começar com seis clubes, que comece. Acho que é ridículo que seja a Liga [Moçambicana de Futebol] a ter que ir marcar passagem para o clube poder viajar. Se não sabem fazer isso, não podem participar numa prova".

A ideia da Liga Moçambicana de Futebol - e também dos críticos de futebol - é, de facto, participarem na prova apenas os clubes com capacidade financeira. Ilídio Banze, comentador, concorda: "Se continuarmos numa prova a custo zero para os clubes, vai continuar, na minha opinião, a ser inviável para a conjuntura macroeconómica do país. Se os clubes continuam a viajar, a comer e a dormir de borla enquanto jogam no Moçambola, sinceramente não vamos a lado nenhum".

Por seu turno, os clubes, pelo menos os de Maputo, defendem como alternativa o regresso do modelo de disputa do Moçambola em regiões para poupar dinheiro.

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