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Combate ao terrorismo em Moçambique na cimeira Europa-África

Lusa | DW (Deutsche Welle)
17 de fevereiro de 2022

O Presidente Filipe Nyusi regressa a Bruxelas, desta vez para a cimeira UE-África, para discutir "com profundidade" a sustentabilidade da luta que Moçambique e forças internacionais estão a travar contra o terrorismo.

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Foto: Alfredo Zuniga/AFP/Getty Images

O Presidente moçambicano partiu hoje para Bruxelas, pela segunda semana consecutiva, desta vez para a cimeira União Europeia - África, mas também porque é mais uma "oportunidade" de "dar a cara" pela luta contra o terrorismo em Cabo Delgado.

"Era mais fácil eu pedir a um colega [do Governo] para me representar, já que estive lá e até por uma questão de gestão do meu tempo e esforço. Mas é preciso estar lá", sublinhou em conferência de imprensa antes de descolar da base aérea de Mavalane, em Maputo.

Na última semana, Nyusi cumpriu uma agenda bilateral com reuniões com dirigentes europeus, ao passo que a cimeira de quinta e sexta-feira é um fórum multilateral - mas, ainda assim, "esta oportunidade não podemos perder", disse. 

"Estamos no cartaz nesta questão da luta contra o terrorismo. Então, como atores do cartaz, precisamos de dar a cara, estar ali e usar o espaço para dizer aos nossos amigos, parceiros, o que Moçambique está a fazer para merecermos a solidariedade que temos tido", referiu Filipe Nyusi.

Mais financiamento

Na última semana, após uma visita de três dias, o chefe de Estado moçambicano apelou à UE para a necessidade de financiar as forças militares do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que estão no terreno a apoiar as forças armadas moçambicanas no combate à insurgência.

"Nós não temos para dar, apesar de haver muito esforço. Vontade não nos falta. Se pudermos fazer parte do grupo conjunto que mobiliza apoios, isso faremos", tanto junto da UE como de "outros parceiros", referiu na altura. Desta vez, regressa com o propósito de "discutir, com profundidade, a sustentabilidade da luta" que Moçambique e forças internacionais estão a travar "contra o terrorismo".

Imagens das tropas sul-africanas em Cabo Delgado

"Não pode ser uma luta com limites, nem vai contar sempre com os nossos amigos", disse, apontando as necessidades: "as vilas estão destruídas e precisam de ser reconstruídas" e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) "precisam de ser reformadas". E neste âmbito, o diálogo com a UE justifica-se, realçou Nyusi, porque os parceiros europeus também "estão a ser atores principais na luta contra o terrorismo".

Além da paz e segurança, Nyusi espera discutir com os países da Europa formas de mitigar os impactos das mudanças climáticas e desenvolver projetos que permitam lidar a longo termo com fenómenos extremos, como cheias e secas, em vez de se centrarem apoios nas intervenções de emergência.

A gestão dos recursos hídricos é uma das áreas que destacou, por forma a dominar períodos de cheias através de diques e barragens, aproveitando depois esse potencial de água armazenada para quebrar o ciclo de secas no sul do país, exemplificou Nyusi.

PALOP representados ao mais alto nível

Líderes da União Europeia (UE) e da União Africana (UA) reúnem-se entre hoje e sexta-feira em Bruxelas, na VI cimeira UE-África, sucessivamente adiada devido à pandemia, que visa revitalizar uma parceria ameaçada pela presença russa e chinesa no continente africano. 

Esta cimeira, originalmente prevista para 2020, pode finalmente ter lugar face à evolução da situação pandémica, que permite a presença em Bruxelas de cerca de sete dezenas de chefes de Estado e de Governo dos dois continentes. A iniciativa realiza-se em plena crise entre Rússia e Ucrânia.

São esperados em Bruxelas os chefes de Estado e/ou de Governo da generalidade dos Estados-membros de ambas as organizações, com exceção dos quatro países atualmente suspensos pela UA devido a golpes de Estado (Burkina Faso, Mali, Sudão e Guiné-Conacri) e, eventualmente, uma ou outra ausência de última hora.

Os países africanos lusófonos deverão estar todos representados ao mais alto nível, tendo as mesmas fontes indicado que, além de Moçambique, são esperados os chefes de Estado da Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, bem como o vice-presidente de Angola.