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Como podem os países do Sahel travar ataques terroristas?

Martina Schwikowski
14 de julho de 2021

Jihadistas do Mali estão a atacar aldeias nos países vizinhos e Níger quer utilizar tecnologia moderna para combater o avanço destas milícias. Mas o diálogo nos países do Sahel também deve preparar o caminho para a paz.

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Symbolild Niger Islamistischer Terrorismus
Foto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

Os ataques terroristas nos países do Sahel fazem quase parte da vida quotidiana dos seus habitantes: vivem num medo constante dos extremistas islâmicos que atacam sobretudo na zona das fronteiras entre o Níger, Mali e Burkina Faso.

No domingo (11.07), cerca de 100 milícias armadas atacaram uma aldeia em Tillabéri, no Níger, na região fronteiriça. Morreram cinco civis, quatro soldados e 40 terroristas.

O Governo elogiou a resposta "rápida e vigorosa" do exército, mas a ameaça de novos ataques continua, numa altura em que o Níger contabiliza várias centenas de mortos devido ao terrorismo desde o início do ano.

Como podem os países do Sahel defender-se com sucesso contra o número crescente de grupos terroristas que atravessam as fronteiras do Mali para os países vizinhos?

Níger: Vantagem na luta contra o terrorismo

Para o diretor do programa regional do Sahel na Fundação Konrad Adenauer em Bamako, no Mali, Thomas Schiller, o Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, eleito em fevereiro, tem uma relativa vantagem no combate ao terrorismo.

Symbolild Niger Islamistischer Terrorismus
As marcas do terrorismo no NígerFoto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

"O Presidente Bazoum herdou um Governo de coligação estável, em comparação com muitos outros Estados da região. As coisas estão piores no Mali, onde existe uma crise política que agrava a crise de segurança e desenvolvimento no país. Este não é, de todo, o caso no Níger. É por isso que o Presidente tem definitivamente espaço de manobra que não existe noutros países", explica.

Ainda assim, o Níger é tão atingido por ataques terroristas como os vizinhos Mali e Chade, sublinha o analista. E alguma coisa tinha de mudar, segundo Thomas Schiller, e isto aplicava-se também à comunidade internacional.

Fim da operação "Barkhane" no Mali

Em junho, França anunciou o fim da operação anti-terrorista "Barkhane" no Mali, na sequência do golpe de Estado de maio. Na cimeira do G5 Sahel, em julho, anunciou a intenção de encerrar as suas bases militares no país e transferir o combate ao terrorismo islâmico na região do Sahel para a operação europeia "Takuba".

Durante a sua visita à Alemanha no início de julho, o Presidente Bazoum garantiu o apoio do Governo alemão face ao aumento do terrorismo nos Estados do G5 Sahel - que, além do Níger, incluem o Mali, Chade, Burkina Faso e Mauritânia. O exército alemão tem várias centenas de soldados destacados no Mali. O Presidente do Níger, no entanto, não pediu forças adicionais, mas sim melhor tecnologia, como aeronaves e dispositivos de reconhecimento.

Mali Frankreich beendet die Operation „Barkhane“
Operação anti-terrorista "Barkhane" Foto: AP Photo/picture alliance

As medidas militares e a ação da União Europeia junto dos países do Sahel são suficientemente eficazes? "É verdade que não podemos estar satisfeitos com o que está a acontecer. Mas, apesar de tudo, a luta contra o terrorismo na região teve um impacto muito positivo e, sobretudo, graças à criação do G5 Sahel, que permitiu pelo menos que os cinco países tivessem uma visão comum", responde Angel Losada, representante especial da organização para o Sahel.

Diálogo como solução?

Uma visão que pode passar pelo diálogo: no Mali, por exemplo, os militares no poder desde agosto declararam a sua intenção de dialogar com os extremistas islâmicos.

Thomas Schiller concorda, mas frisa que não basta: é preciso uma administração central funcional, serviços básicos para os cidadãos e a aprovação do próprio Estado.

"O diálogo terá de ser sempre um caminho a seguir, uma vez que a grande maioria destes grupos tem raízes muito locais e é frequentemente uma questão de conflitos locais. Mas, a longo prazo, é preciso que o Estado faça o seu trabalho. O diálogo, por si só, não chega. Trata-se de ter instituições do Estado reais nas regiões que permitam aos cidadãos identificar-se com o Estado e também acabar com a influência local dos grupos armados."