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Construção de linha férrea causa preocupação em Moçambique

Amós Zacarias (Tete)22 de julho de 2016

Obras a serem iniciadas em 2016 geram desconfiança entre organizações no centro de Moçambique sobre benefícios que projecto trará à população. "Pensamos que há jogos de interesses, de diversas eleites", diz uma ativista.

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Linha de Sena Moatize - Beira (imagem de arquivo)Foto: Marta Barroso/DW

A cidade de Tete acolheu esta sexta-feira (22.07) a cerimónia de apresentação pública do rascunho do estudo de impacto ambiental para a construção da linha férrea Moatize-Macuse, nas províncias de Tete e Zambézia, no centro de Moçambique.

Prevê-se que as obras arranquem até o primeiro trimestre de 2016. A linha férrea vai ligar a zona carbonífera de Moatize e o porto de águas profundas de Macuse, na Zambézia. A ferrovia terá uma extensão de aproximadamente 500 quilómetros e o projecto está orçado em cerca de 3,5 mil milhões de dólares norte-americanos.

O encontro de apresentação pública do rascunho do estudo de impacto ambiental juntou membros do governo provincial de Tete e a sociedade civil e sucede a um primeiro evento realizado recentemente na cidade de Quelimane.

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A linha férrea Moatize-Macuse será paralela à de Sena desde Moatize até ao distrito de Mutarara, sul da província de Tete, ponto do qual as duas linhas poderão se separar, em direcção à Beira e Macuse.

No seio das organizações da sociedade civil em Tete reina a desconfiança quanto aos benefícios deste projecto para as comunidades, que questionam a necessidade da construção da ferrovia a partir de Moatize.

"Veja que ao longo desta apresentação, a proposta da linha [Moatize-Macuse] caminha em paralelo com a da linha de Sena. Por que não juntar e depois lá em frente separá-las?", observa Ernesto Assis, da Plataforma da Soceidade Civil da Província de Tete: "Pensamos que há jogos de interesses, de diversas eleites", acrescenta.

Problemas anteriores

Estivine Freitas
Estivine Freitas da União Provincial de Camponeses de TeteFoto: DW/A. Zacarias

A União Provincial de Camponeses de Tete ainda guarda lembranças dos problemas provocados pelos reassementos de Cateme.

O vice-presidente da organização, Estivine Freitas, exige esclarecimento sobre o número total de famílias que serão reassentadas ao longo do traçado da linha e os mecanismos de compensação que serão usados.

"Como camponeses, o nosso recurso é a machamba. Acontece que uma pessoa é retirada de um lugar para o outro e chega lá não encontra boa machamba. É um grande problema. Mesmo recebendo um valor, é diferente em troca de uma machamba", referiu Estivine Freitas.

Abdul Issa, da Thai Moçambique Logística, a concessionária maioritária do projecto, garantiu que ainda não está especificado o número exacto de pessoas que serão reassentadas no processo de construção da linha.

Issa fez saber que serão observadas todas as normas para que ninguém seja prejudicado, considerando o projecto de vital importância para o processo de escoamento de carvão de Moatize.

A secretária permanente de Tete, Lina Portugal, considera que a viabilidade deste projecto trará benefícios para a província de Tete. "Quando endereçamos o investimento nacional ou estrangeiro, o fim último é assegurar que haja o desenvolvimento social."

Lina Portugal
A secretária permanente do Governo de Moçambique em Tete, Lina PortugalFoto: DW/A. Zacarias

A dirigente apela pela colaboração de todos os sectores da sociedade para que a construção da ferrovia Moatize-Macuse não traga mais problemas para as comunidades. "Estamos juntos e vamos continuar a estar juntos para permitir que a nossa população tenha ganhos em qualquer projecto que seja", afirmou.

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