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Conflito agrava-se na região anglófona dos Camarões

Moki Kindzeka | nn
15 de novembro de 2018

Exército matou pelo menos 30 separatistas armados na região de língua inglesa no noroeste dos Camarões nos últimos dois dias. Ataques vão continuar até que os "terroristas" sejam derrotados, avisa o Governo.

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Kamerun, Soldaten in Buea
Foto: DW/F. Muvunyi

Segundo o último anúncio do exército camaronês, as novas investidas contra os independentistas das regiões de língua inglesa fizeram mais de 30 mortos em Mayo Binka, perto de Nkambe.

As Forças Armadas camaronesas prometem continuar as investidas na região anglófona do país até que todos aqueles que classificam como terroristas sejam derrotados. Os novos ataques surgem cerca de uma semana depois de o Presidente Paul Byia ter lançado um ultimato aos separatistas durante a cerimónia de tomada de posse: deponham as armas ou serão mortos pelo Exército.

O ministro da Administração Territorial dos Camarões, Paul Atanga Nji, prometeu perdoar os separatistas que abandonem as armas. Mas também garantiu que o Governo já tomou as devidas providências para derrotar os resistentes.

O ministro pediu ainda à sociedade civil para denunciar os combatentes: "Nenhuma desordem será tolerada a partir de agora. Medidas apropriadas serão tomadas para rastrear todos os terroristas, não importa onde estejam".

Para o analista político Wiillibroad Ze Ngwa, no entanto, ao recorrer aos militares o Governo só está a agravar a situação. "Uma solução permanente deveria envolver os protagonistas num diálogo franco para que o problema seja resolvido de uma vez por todas. Não acho que os militares em campo resolvam a crise de maneira permanente", considera.

Conflito agrava-se na região anglófona dos Camarões

Fugir para a capital

A crise sociopolítica começou no final de 2016 nas duas regiões de língua inglesa do noroeste e sudoeste dos Camarões, um país de maioria francófona. No final de 2017, transformou-se num conflito armado.

Os confrontos entre o exército e os separatistas acontecem quase todos os dias. Mais de 200 membros das forças de defesa e segurança já morreram no conflito. Entre os civis há mais de 500 mortos. A Organização das Nações Unidas diz que o conflito já forçou mais de 437 mil pessoas a abandonar as suas casas.

Entretanto, os mais recentes confrontos levaram 120 pessoas a abandonar a região e a refugiar-se em Iaoundé. Kenneth Kongyu está entre essa multidão que chegou à capital. Apresenta-se como um homem de negócios de 19 anos que fugiu da sua aldeia quando militares a atacaram.

"Nós éramos cerca de 75. Quando chegamos a Jakiri, encontrámos algumas pessoas lá e continuámos em direção a Berrr. Quando chegámos, vimos cerca de 300 pessoas. Eles perguntaram-me para onde é que eu ia. Queriam juntar-se a mim. Eu disse que não estava a ir para lado nenhum. Estava só com medo, porque tanto os combatentes da Ambazonia como os militares matam pessoas todos os dias. Quando chegam ao mercado, atiram em todas as direcções", conta.

Tatah Oscar tem 17 anos. É um ex-combatente e também está entre este grupo de 120 pessoas. Diz que escapou à morte quando os militares atacaram o seu campo de treino, em Nkambe, composto por 80 combatentes. A maioria jovens: "Algumas pessoas estão a juntar-se porque mataram-lhes os membros da família, o pai, a mãe, os irmãos... Não têm ninguém com quem contar agora. É por isso que se juntam. Imploro ao governo para que resolva este problema para que possamos voltar à escola".