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Conselho de Segurança: Moçambique é membro não-permanente

9 de junho de 2022

Moçambique foi eleito esta quinta-feira (09.06), com 192 votos, membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU para o biénio 2023-2024. A oposição não vê vantagens, mas analistas apontam oportunidades para o país.

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Foto: Manuel Elias/UN Photo/Xinhua/picture alliance

As autoridades moçambicanas olham para a eleição para este organismo da Organização das Nações Unidas (ONU) como uma oportunidade para Moçambique partilhar a sua experiência na gestão de conflitos e preservação da paz.

Num discurso à nação, depois da votação, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considerou a eleição como uma vitória para o país.

"Atesta o prestígio e o bom nome que o nosso país vem construindo ao longo dos anos, no concerto das nações", disse Nyusi.

Oposição não vê vantagens concretas

Esta é a primeira vez que Moçambique faz parte como membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU, uma missão que subordinou ao lema "Paz e Segurança Internacionais e Desenvolvimento Sustentável".

UN Generalversammlung Filipe Nyusi Präsident von Mozambik
Filipe Nyusi: "Teremos sobre os nossos ombros a pesada responsabilidade de defender a nossa região e não só o continente"Foto: picture-alliance/dpa/M. Campbell

Os partidos da oposição moçambicana com assento parlamentar, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não encontram nesta eleição vantagens concretas para o país.

Ivan Mazanga, presidente de Liga da Juventude da RENAMO, entende que Moçambique não tem experiência nenhuma para partilhar no Conselho de Segurança da ONU.

"Nós temos um conflito ativo em Cabo Delgado que já dura há quase cincos anos. Portanto, significa que a nossa capacidade de gestão de conflitos está totalmente corroída e ainda não temos uma estratégia concreta para podemos debelar este conflito", justifica Mazambga, em declarações à DW.

"Momento de paz"

Ivan Mazanga, lembra que o país gozou de uma paz relativa apenas entre 1992 e 2012. Desde então, Mazanga diz que o país não teve "um momento de paz" do qual os moçambicanos se possam orgulhar.

Ataques em Moçambique: "O país está a parar"

"Estamos a perder uma soberana oportunidade de olhar para nós e tentarmos resolver os nossos problemas internos", avalia o presidente da juventude da RENAMO.

Por seu turno, Augusto Pelembe, porta-voz do MDM, lamenta que "Moçambique não está em paz" e não "não tem desenvolvimento sustentável".

"Em Moçambique não há segurança. Então o país está mal. Não estou a ver quais são as experiências que vai partilhar", considera Pelembe.

"Cultura de diálogo"

O Presidente Filipe Nyusi diz que o país tem "uma cultura de diálogo e acima de tudo de promover soluções negociadas para a paz".

O partido da oposição MDM lamenta que a candidatura de Moçambique a membro não-permanente do Conselho de Segurança não tenha sido discutida com todos os segmentos da sociedade moçambicana.

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"Nós como sociedade e como país não estamos a ver nenhum ganho. Isso tudo foi feito à revelia, tanto da comunicação social, como da sociedade civil e do MDM. É isso que nos deixa preocupados como partido parlamentar. O que é que o Governo tem a esconder e quais são os outros objetivos?", pergunta o porta-voz do partido.

Analistas vêem oportunidade

Mesmo com as críticas da oposição, alguns analistas moçambicanos discordam e consideram que a eleição de Moçambique é uma oportunidade de o país estar no mais alto nível no concerto das nações.

À DW, Calton Cadeado, docente de Relações Internacionais na Universidade Joaquim Chissano, sublinha que "Moçambique já tem um prestígio construído nas relações internacionais e no mundo em termos diplomáticos".

"[A eleição de Moçambique para o Conselho de Segurança] é a cereja no topo do bolo. Tendo em conta o número de votos que o país teve, foram todos os membros que estiveram presente na reunião", ressalta o analista.

Ainda assim, Filipe Nyusi alerta que a missão moçambicana será de grandes desafios e que chegou o momento de arregaçar as mangas.

"Teremos sobre os nossos ombros a pesada responsabilidade de defender a nossa região (SADC) e não só o continente africano, num momento cheio de desafios internacionais", ponderou o chefe de Estado moçambicano.

Moçambique vai substituir o Quénia na vaga do representante africano, com mandato a começar em janeiro de 2023.

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