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Corredor de Nacala em Moçambique avança

Leonel Matias (Maputo)
1 de dezembro de 2017

Foi assinado o acordo de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento e operação do corredor do porto moçambicano de Nacala. Os governantes prometem benefícios, mas a população local teme os riscos.

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Foto: Madalena Sampaio

As empresas e os financiadores do Corredor Logístico de Nacala, no norte do país, comprometeram-se esta quinta feira (30/11), em Maputo, a disponibilizar cerca de 2,7 mil milhões de dólares para o financiamento do projeto. O corredor é um projeto que envolve a multinacional brasileira Vale, a japonesa Mitsui e a empresa pública moçambicana de Caminhos de Ferro.

O empreendimento faz parte de um projeto mais ambicioso, avaliado em cerca de cinco mil milhões de dólares, que compreende a construção de um porto de águas profundas em Nacala, ligado a uma linha férrea com cerca de 900 quilómetros. Esta ferrovia destina-se ao escoamento do carvão extraído da província de Tete.

O ministro moçambicano dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, disse esperar que com o novo financiamento o corredor logístico de Nacala conheça significativas melhorias. Acrescentou que o corredor deverá atingir brevemente a capacidade de 22 milhões de toneladas, contra as seis mil transportadas em 2016.

Promessa de desenvolvimento da região

Strand von Nacala
A população local queixa-se das consequências da poluiçãoFoto: Madalena Sampaio

Na cerimónia de assinatura dos contratos de financiamento do Corredor de Nacala, Carlos Mesquita sublinhou que o projeto deverá catapultar o desenvolvimento de Nacala e da região. Acrescentou que o Governo vai continuar a privilegiar as parcerias público-privadas: "Reiteramos o nosso cometimento e determinação na prossecução da criação de um ambiente atrativo de negócios, particularmente a criação e atualização da legislação sobre o investimento, a promoção do ambiente de paz, a redução da burocracia, entre outros”, disse o governante.

O representante da Vale, Alexandre Pereira, referiu que o projeto para além de permitir o escoamento do carvão da sua empresa, tem benefícios para as comunidades locais, como o transporte de passageiros e mercadorias. Apontou ainda que Moçambique é o maior destino de iniciativas de cooperação da Vale em África. A empresa tem no país cerca de quatro mil trabalhadores direta ou indiretamente ligados à organização, 94% dos quais são nacionais, enfatizou.

Nacala - MP3-Mono

Uma das queixas com que se tem confrontado a Vale nos locais de exploração do carvão na província moçambicana de Tete está relacionada à poluição ambiental. Mas Alexandre Pereira afirma: "Temos o compromisso com os impactos de nossas operações e de promover práticas sustentáveis ao longo de toda a cadeia de valor, compartilhando valores e atuando como cidadão corporativo responsável”.

Perigo para a saúde

Tete é uma região muito seca. Quando a terra é lavrada nas zonas mineiras o solo fica exposto podendo gerar poeira. Segundo o Presidente da Vale Moçambique, Marcio Godoy: "Cientes desse risco nós temos uma série de controles ambientais, como aspersão das vias e dos pontos chave onde pode haver geração de poeira, e com isso controlamos essas emissões de pó para que a operação seja sustentável”.

Ainda assim, a população local queixa-se de doenças provocadas pela poeira nos habitantes das comunidades vizinhas da mina de carvão. Marcio Godoy afirmou não ter conhecimento de uma relação direta entre as doenças e as operações da sua empresa: "Até porque nós iniciamos não há tanto tempo as operações. E como eu disse nós temos todos os controlos para mitigar esses impactos que a operação possa causar”.

O financiamento para o desenvolvimento e operação do corredor e do porto de Nacala conta com o financiamento da Japan Bank for International Cooperation (JBIC), da Nippon Export and Investment Insurance (NEXI), do Banco Africano de Desenvolvimento e da Agência Sul-africana de Crédito à Exportação (ECIC).

 

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