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PolíticaCosta do Marfim

Costa do Marfim aguarda resultados de presidenciais tensas

Lusa | AFP
1 de novembro de 2020

Oposição descreve eleições de sábado (31.10) como um "fracasso" e fala em 12 mortos em confrontos. Confiante na vitória, Presidente cessante, Alassane Ouattara, apelou ao fim da campanha de "desobediência civil".

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Elfenbeinküste | Präsidentenwahl 2020 | Wahlbüro in Abobo
Foto: Julien Adayé/DW

Os costa-marfinenses foram às urnas no sábado escolher o próximo chefe de Estado, numas eleições marcadas por múltiplos incidentes, especialmente nos bastiões da oposição, apesar do apelo à calma do Presidente Alassane Ouattara, que concorre a um terceiro mandato.

A oposição já descreveu as eleições como um "fracasso" e o antigo líder rebelde e ex-primeiro-ministro, Guillaume Soro, disse a partir do exílio na Europa que já não reconhece o Presidente Alassane Ouattara e pediu-lhe que se prepare para partir.

Os principais partidos da oposição da Costa do Marfim, que boicotaram a eleição presidencial, afirmaram que pelo menos 12 pessoas morreram em confrontos, enquanto decorriam as votações, mas não adiantam detalhes. Um responsável da segurança confirmou pelo menos duas mortes, em Oumé e Tiebissou, em declarações à agência de notícias France Presse. Já o presidente da autarquia de Tiebissou disse que na sua localidade houve "4 mortos e 27 feridos", 13 deles em estado grave. 

Mais de 20 pessoas foram mortas antes das eleições, levando as Nações Unidas e grupos de direitos humanos a pedirem calma, enquanto os principais candidatos da oposição, Pascal Affi N'Guessan e Henri Konan Bedie, sugeriram aos seus apoiantes que ficasse, em casa, boicotando as eleições.

Elfenbeinküste | Präsidentenwahlen 2020 | Demonstration
Jovens bloquearam estradas em várias cidades.Foto: Sia Kambou/GETTY IMAGES

"Este golpe de Estado eleitoral foi um fracasso. O povo costa-marfinense conseguiu derrotar esta eleição", disse o porta-voz da oposição Pascal Affi N´Guessan, em conferência de imprensa. Segundo N'Guessan, o boicote e o apelo à desobediência civil conseguiram frustrar a votação, com ativistas da oposição a erguerem barricadas em muitas localidades. Materiais de votação foram apreendidos e queimados, adiantou. De acordo com a agência de notícias France-Presse, registaram-se bloqueios de estradas, urnas e material eleitoral saqueado e confrontos com a polícia, incidentes especialmente nas zonas da oposição.

O Presidente Ouattara votou no início do dia no bairro de Cocody, onde pediu aos costa-marfinenses para pararem com os atos de violência destinados a boicotar as eleições. "Apelo àqueles que lançaram estes atos de desobediência civil, que levou à morte de um homem, para pararem", disse Outtara, pedindo o restabelecimento da paz.

Apesar de rejeitarem este ato eleitoral, N'Guessan e Bedie permaneceram nos boletins de voto, havendo apenas um outro candidato, Konan Bertin Kouadio, que se demarcou do seu antigo partido, no início deste ano, para concorrer como independente.

À espera dos resultados

As mesas de voto começaram a fechar às 18h00 locais e a participação nas eleições será determinante para perceber se o apelo da oposição ao boicote foi seguido.

A Costa do Marfim tem cerca de 7,5 milhões de eleitores, para uma população de 25 milhões. Alassane Ouattara, que procura uma vitória à primeira volta, mostrou-se confiante e falou de uma "dezena de incidentes", considerando que os costa-marfinenses saíram "em grande número para votar".

Elfenbeinküste Abidjan | Wahl 2020 | Alassane Ouattara
Alassane Ouattara votou em Abidjan.Foto: Katrin Gänsler/DW

Cerca de 35.000 membros das forças de segurança foram destacados para garantir a segurança das mesas de voto. Desde agosto, após o anúncio da candidatura de Alassane Ouattara, morreram cerca de 30 pessoas em manifestações, que se transformaram em confrontos interétnicos.

Tal como na vizinha Guiné-Conacri, onde a reeleição do Presidente Alpha Condé para um terceiro contestado mandato causou agitação, a oposição costa-marfinense considera um terceiro mandato de Alassane Ouattara como "inconstitucional".

Nestas eleições, milhares de pessoas saíram das cidades e regressaram às suas aldeias, temendo uma crise como a que aconteceu há 10 anos depois das eleições presidenciais de 2010. Na altura morreram 3.000 pessoas na sequência da recusa de Laurent Gbagbo, que estava no poder desde 2000, em admitir que fora derrotado por Alassane Ouattara.

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