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Covid-19: Ajuda alimentar desviada na África do Sul

Milton Maluleque (Joanesburgo)
20 de abril de 2020

Na África do Sul, o Presidente Cyril Ramaphosa reconheceu que tem havido falhas na distribuição de comida à população mais pobre, incluindo a muitos imigrantes moçambicanos.

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Foto: Reuters/M. Hutchings

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, reconheceu esta segunda-feira (20.04) na sua carta semanal que a intervenção governamental para ajudar os mais vulneráveis tem sido mais lenta do que o esperado e que foram detetadas várias falhas. Exemplo disso é o armazenamento e a venda de parcelas de comida por parte de funcionários públicos em várias províncias sul-africanas.

Ramaphosa repudiou estas ações, que culminaram com protestos e vandalizações em diversas regiões do país.

Covid-19: Falta de alimentos gera protestos na África do Sul

O desvio de comida faz com que muitas pessoas estejam dias a fio sem receber as suas parcelas nos centros de distribuição de comida.

"Ligaram-nos de manhã, dizendo que estão a registar para nos darem comida, mas eu não estou a ver nada. Ainda não vi comida", contou Amélia Matusse, uma jovem moçambicana a viver na África do Sul.

Outra jovem moçambicana, Josefa Machaque, também tem tido dificuldades em conseguir alimentos, e espera ansiosamente pelo fim das restrições por causa do novo coronavírus: "Estamos aqui para vir pedir comida por causa dessa doença e não sabemos quando é que vai terminar.”

Fome preocupa mais que Covid-19

Os beneficiários desta cesta básica temem que a morosidade do processo os leve a "morrer de fome" e não por causa do coronavírus.

O moçambicano José Namparua lamenta as muitas dificuldades criadas pelo confinamento obrigatório.

"Não temos comida para consumirmos nas nossas casas", afirma. "O Governo pediu para nós virmos, para ajudar seja sul-africano, moçambicano, da Tanzânia, Zimbabué. Não há escolha, todos temos direito a receber a comida", afirma. Mas os alimentos não estão a chegar.

Esta segunda-feira, o Presidente Cyril Ramaphosa prometeu aumentar a ajuda para os mais pobres. 

28 queixas por violência policial

Covid-19: Doação de alimentos em Joanesburgo

As queixas não se devem apenas aos problemas na distribuição de comida. As forças de segurança sul-africanas têm sido criticadas pelo uso excessivo de força para o cumprimento do "lockdown".

Uma pessoa morreu por causa da violência policial: os escritórios do Provedor de Justiça Militar receberam cerca de 28 queixas, sendo a mais grave o espancamento até à morte de um cidadão sul-africano no interior da sua residência no subúrbio de Alexandra, em Joanesburgo.

Para além disso, 12 agentes da polícia foram detidos no último fim de semana, acusados de violação das regras do confinamento obrigatório, corrupção e roubo. 

Até esta segunda-feira (20.4), foram testadas na África do Sul mais de 110 mil pessoas. Há 3.158 infetados com o novo coronavírus e foram registados 54 óbitos.