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Educação

Covid-19 desmotiva estudantes universitários na Zambézia

31 de maio de 2020

O aumento do número de casos em Moçambique – que já conta com 254 infeções confirmadas – está a preocupar os estudantes das universidades da Zambézia. Alguns pensam em desistir dos estudos, por falta de condições.

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Universidade Licungo, em QuelimaneFoto: DW/M. Mueia

Quando o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, decretou estado de emergência, em março, por causa da pandemia de Covid-19, muitos estudantes universitários passaram a ter de estudar em casa e enfrentar o desafio das aulas via internet.

Agora, alguns tencionam desistir das aulas online e repetir no próximo ano o semestre perdido, nas aulas presenciais a que estão acostumados. Queixam-se da falta de qualidade no ensino online, dos custos de internet e das dificuldades no acesso aos materiais.

"Nós queremos a interação e não online!", diz um estudante do curso de Sociologia da Universidade de Licungo, em Quelimane. "Temos muitas dificuldades, a direção de educação recomenda-nos estudar desta forma, condições não temos. O que acontece é que estamos ainda a receber brochuras para estudar em casa, não são todos que tem condições de ter crédito e telefone para estudar via online. Antes, estávamos a estudar, mas agora não está nada bom", explica.

Autoridades pedem solidariedade

O diretor provincial responsável pelo ensino superior e técnico profissional da Zambézia, Cardoso Meque, reconhece os obstáculos: "O que tem que ficar claro é que há dificuldades, sim, porque nós temos casos de estudantes que não têm nenhum dispositivo que possa facilita o acesso aos conteúdos que são disponibilizados pelas instituições".

Cardoso Meque pede, no entanto, que haja solidariedade entre os estudantes nesta fase de estado de emergência, afirmando que "a disponibilização das fichas tem sido uma solução".

"Tendo em conta que aqueles que não têm acesso a um dispositivo podem falar com um colega que tem acesso às fichas, podem baixar e imprimir e continuar com o processo de aprendizagem", explica, lembrando que esta "é a primeira experiência que o país está  a ter e isso obviamente tem as suas consequências".

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"Ficou claro que é preciso mais investimento na questão das tecnologias de informação e comunicação na questão de ensino e aprendizagem", conclui.

Dormir onde há wi-fi

Outro estudante que diz estar agastado pela situação é Arcénio Bacalhao. Quando não tem dinheiro para comprar internet, pernoita em algumas intuições públicas à procura de redes wi-fi: "Estou aqui para baixar alguns conteúdos e algumas matérias de matemática, assim como outras disciplinas que estou a rever e não consigo perceber, venho a essas horas para poder apanhar wi-fi, mas fica meio fraco, não tem aquela garra [qualidade]".

As autoridades de educação dizem que firmaram um acordo com as operadoras de telefonia móvel para distribuir links no mês passado para os estudantes usarem  internet gratuitamente. Mas, até hoje, o link não funciona.

 "É preciso analisar caso a caso", diz Cardoso Meque. "Há muitas formas de a internet não funcionar, depende da localização do estudante, da capacidade do dipositivo que o estudante usa. Mas, de uma forma geral, nós nunca tivemos uma reclamação que possa afetar todo o processo".

Qualidade do ensino afetada?

Sílvio Silva, membro de uma das organizações da sociedade civil da Zambézia, mostra-se cético em relação a este tipo de ensino, frisando que "há estudantes com dificuldades extremas".

"Tenho muitas dúvidas em relação a resultados positivos que possam advir", afirma.

Já Cardoso Meque considera que ainda é cedo para discutir a questão: "Não acho que haja alguém que tenha elementos suficientes para discutir a qualidade de ensino”, diz à DW. "O que se pode questionar é a eficiência do sistema que estamos a articular, mas isso não significa que possa afetar a qualidade do ensino".

Neste momento, as várias faculdades da Universidade Licungo, por exemplo, estão  a preparar exames semestrais, enquanto decorrem paralelamente as avaliações - tudo pela internet. 

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