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ReligiãoÁfrica

Máscara impede crentes de louvar a Deus convenientemente

Bernardo Jequete (Chimoio)
19 de agosto de 2020

Retomaram os cultos religiosos em Moçambique. Na província de Manica alguns crentes dizem que será difícil louvar e jubilar a Deus com máscara e viseira. E alguns líderes religiosos pedem termómetros ao Governo.

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Kathedrale von Nampula
Foto ilustrativaFoto: DW/Madalena Sampaio

Em Moçambique, retomaram os cultos religiosos nesta terça-feira (18.08). Vários líderes religiosos em Chimoio, capital provincial de Manica, acreditam que o uso de máscaras e viseiras e a limitação do número de crentes pode atrapalhar os cultos religiosos.

Mesmo assim, os líderes asseguram que farão de tudo para que as regras sejam cumpridas.

Segundo os religiosos, o relaxamento das medidas restritivas para evitar o contágio do novo coronavírus veio numa altura em que os crentes já estavam ansiosos por voltar a louvar a Deus coletivamente.

As dificuldades 

No entanto, o pastor Alexandre Augusto, da igreja Militantes de Cristo em Moçambique, fala das suas dificuldades: "Não será fácil. Para mim, isso é impossível. Porque só orar é um ato em que você precisa de desenvolver o seu organismo. Então com máscara eu acho que vai criar muitos escândalos nas igrejas".

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"Talvez já que é o começo só pode se ir orar e regressar. Estamos perante a pandemia da Covid-19, antes da pandemia as pessoas faziam tudo, mas perante esta doença não podemos fazer nada”, lamenta Augusto.

Flávia Armando Tsoka, frequentadora de um igreja em Chimoio, concorda com a dificuldade de cantar e jubilar a Deus usando a máscara.

"Por exemplo, eu não consigo cantar com a máscara na boca porque perco a respiração. Não é possível louvar a Deus com máscara na boca. Será uma maçada para nós, grupo coral, e outros”, queixa-se a crente.

Fernando Dezanove, pastor da Igreja dos Apóstolos Comunhão com o Espírito Santo, diz que o importante foi o relaxamento das restrições e que o cumprimento das novas regras deverá ser feito de forma paulatina.

"Vamos trabalhar, choramos muito porque queriamos rezar, isso de cantar havemos de cantar assim mesmo, é só uma hora, a maior parte do tempo será de envangelização. Neste momento que foi relaxada a medida temos tempo para ir orar para que a doença não venha com intensidade", diz otimista o pastor.

Igrejas pedem termómetros ao Governo

Outra dificuldade levantada pelos religiosos é a aquisição de um termómetro infravermelho para medição da temperatura das pessoas que entram nos templos.

É o caso da igreja Pedra Vista, em que o pastor Tomás Jemusse afirma: "O que nós vamos pedir ao Governo é o termómetro infravermelho, nas farmácias a máquina está cara, pode se adquirir por quatro, cinco ou seis milhões mil meticais. Mas há outras igrejas que podem não conseguir comprar".

Entretanto, Jemusse garante: "Mas as outras medidas, como lavar as mãos, usar máscara e distanciamento isso nós vamos cumprir”.

Jemusse também lamenta o tempo que as igrejas ficaram encerradas, porque, segundo ele, com as orações, a pandemia não mataria dezenas de milhões de pessoas pelo mundo como já ocorreu.

Governo promete fiscalização

O secretário do Estado em Manica, Edson Macuácua, lembrou que na província "só poderão retomar os cultos coletivos aquelas confissões religiosas aquelas igrejas e mesquitas que serão certificadas. Esta fiscalização será feita no local, de modo a que cada uma das confissões religiosa possa se adaptar às recomendações plasmadas nos diplomas legais em função das especificidades de cada uma das confissões religiosas”.

Em Manica existem mais de 300 igrejas, mas apenas 194 são legais. O restante está em atividade de forma irregular.

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