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Governo guineense quer prolongamento do estado de emergência

Iancuba Dansó (Bissau)
24 de agosto de 2020

Após reunião com o Alto Comissariado para a Luta contra a Covid-19, o Governo propôs ao Presidente da República o prolongamento do estado de emergência por mais 30 dias. País já soma mais de 2.200 casos e 34 mortes.

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Foto: Guinean Presidency

O uso obrigatório da máscara e o distanciamento social não são respeitados. Bares, lugares de diversão, transportes circulam de uma região para a outra, atividades desportivas em coletivo. Tudo está a decorrer normalmente e vários observadores consideram que o país está “desconfinado”, embora os números de casos de Covid-19 estejam a subir.

Por isso, o Governo da Guiné-Bissau propôs esta segunda-feira (24.08) ao Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, o prolongamento do estado de emergência por mais 30 dias no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

A medida, por sua vez, foi um apelo de Magda Robalo, alta comissária para a luta contra a Covid-19, que esteve reunida com o Governo na tarde desta segunda-feira.

Falhas no combate à Covid-19

A responsável disse à DW África o que tem falhado no combate ao novo coronavírus na Guiné-Bissau: "Eu penso que o que tem falhado, e que nós fizemos questão de mencionar ao Governo, é o cumprimento das medidas de prevenção que são recomendadas e o Governo tem que trabalhar no sentido da sua implementação".

Guinea-Bissau
Mercados em Bissau não respeitam o distanciamento socialFoto: DW/L. Danso

Para o médico Hedwis Martins, para um novo estado de emergência fazer sentido, são necessárias correções aos erros até aqui cometidos. "As autoridades devem ser vigilantes, corrigir os erros e as falhas que vão acontecendo".

"Até hoje", segundo o médico, "temos o problema nos transportes públicos entre as regiões, as populações a viver em dificuldades e os condutores a nível das regiões continuam a resistir à prevenção à covid-19, ainda nas toca-tocas (transporte urbano de Bissau) muitos às vezes desleixam, não exigem a máscara e nem preocupam ter gel desinfetante à entrada".  

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Violações de direitos

Em julho, a Associação Juvenil para a Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (AJPDH) denunciou a ocorrência de várias violações dos direitos dos cidadãos pelos agentes da polícia e mais de mil detenções sobre alegado incumprimento das medidas de prevenção ao novo coronavírus.

À DW África, o presidente da organização, Vladimir Victorino Gomes, disse esperar a mudança de comportamento das autoridades.

"Exigimos ao estado da Guiné-Bissau que consolide os ganhos alcançados nestes últimos momentos do estado de emergência. Ter a capacidade de avaliar os ganhos, procurar mantê-los e criar mecanismos que possam continuar a sensibilizar os cidadãos, não as medidas que atentem contra as liberdades fundamentais dos cidadãos".

Situação da Covid-19 no país

Na Guiné-Bissau, há 34 óbitos por Covid-19 e mais de 2.200 casos confirmados da doença, de acordo com os dados oficiais, atualizados esta segunda-feira. Entretanto, sobre a necessidade de mais estado de emergência, os cidadãos divergem-se em opiniões registadas pela DW África.

"Do meu ponto de vista, o estado de emergência tem que ser renovado, tendo em conta o aumento dos casos. É preciso que o Estado engaje e vigie as medidas das restrições, no que diz respeito ao uso correto da máscara, porque os cidadãos não estão a colaborar com esta medida", afirmou Quintino Dolé, estudante universitário.

Mas a cidadã Celeste da Silva desvaloriza o estado de emergência: "Com este estado de emergência estão abertos os bares e nos mercados não há distanciamento social, as pessoas não usam máscaras. Para mim, o estado de emergência é uma fantochada".

Opinião diferente tem Aladje Dolé, funcionário público: "Acho que é muito importante renovar o estado de emergência, porque há necessidade. Os próprios cidadãos não estão a cumprir com o uso obrigatório da máscara, mas o Governo deve fazer mais restrições para que a população acate as medidas".

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