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Covid-19: Moçambique suspendeu 30 mil contratos de trabalho

Leonel Matias (Maputo)
13 de agosto de 2020

É o que diz a confederação moçambicana das associações económicas, que registou uma redução de 65% da atividade empresárial no primeiro semestre devido à pandemia. Empresários pedem novas medidas ao Governo. 

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Foto: DW/R. da Silva

Um estudo divulgado esta quinta feira (13. 08) pela Confederação das Associações Económicas (CTA) revela que, devido aos efeitos da pandemia de Covid-19, a atividade empresarial em Moçambique reduziu em cerca de 65% e o índice de robustez empresarial em cerca de 49%. 

Segundo o presidente interino da CTA, Álvaro Massingue, o setor empresarial registou perdas de facturação no primeiro semestre do ano estimadas no correspondente a cerca de 453 milhões de dólares.  

"Considerando a evolução da pandemia e a dinâmica económica que se projeta para o segundo semestre do ano, estima-se que o volume de perdas de faturação do setor empresarial em todo o ano 2020 poderá ascender a aproximadamente 951 milhões de dólares, o que corresponde a cerca de 7% do PIB ( Produto Interno Bruto)", disse o chefe da maior associação empresarial de Moçambique. 

Suspensão de contratos 

Ainda no primeiro semestre foram suspensos 30 mil contratos de trabalho, números que podem atingir até ao final do ano os 63 mil, representando 11% da massa laboral empregue no sector privado em todo o país. 

Märkte und Straßenhandel in Mosambik
Foto: DW/R. da Silva

Com vista a estimular a atividade económica, o Governo adotou no primeiro semestre um conjunto de medidas, mas Àlvaro Massingue disse que "em grande parte estas medidas não geraram o impacto que se esperava no setor". 

"Para a melhoria deste cenário, propõe-se a adoção de um novo quadro de medidas que responda efetivamente aos desafios que a pandemia impõe ao setor empresarial e à economia em geral", propôs. 

Proposta dos empresários 

A proposta da CTA inclue o alargamento da abrangência da medida referente ao adiamento dos pagamentos por conta do imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas (IRPC), bem como da redução do custo de eletricidade, e a implementação efetiva da medida sobre a compensação dos créditos do Imposto de Valor Acrescentado (IVA). 

A CTA defende também a reabertura dos centros de atração turística e a adoção de outros incentivos específicos para o setor da hotelaria e turismo, o mais afetado pela pandemia no país, tendo atingido uma retração da sua atividade em mais de 75% só no primeiro semestre do ano. 

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Aquela organização quer ver igualmente reforçadas as linhas de financiamento a atividade empresarial sublinhando que as atuais cobrem apenas 5% das necessidades totais do setor. 

Previsão económica 

O estudo da CTA admite que  a economia moçambicana poderá registar uma tímida recuperação da atividade empresarial no segundo semestre, devido à reabertura gradual da economia mundial e o alívio de algumas restrições impostas no quadro da Covid-19. 

Acrescenta, no entanto, que, depois de um crescimento de 2.2% em 2019, a economia poderá registar um abrandamento este ano, situando-se em 1.1% num cenário otimista e menos  0.5% num quadro pessimista. 

"O cenário pessimista é considerado atualmente o mais provável", reconheceu Álvaro Massingue, que explicou: "Fundamenta-se pela rigidez estrutural da economia moçambicana, que torna difícil que a economia se recupere de um choque em curto prazo, a manutenção do estado de emergência no segundo semestre do ano que implica restrições à atividade empresarial e a manutenção das restrições das entradas e saídas dos principais parceiros comerciais de Moçambique". 

O presidente interino da Confederação das Associações Económicas de Moçambique repudiou o rapto de um empresário registado nos últimos dias e reiterou o apelo para uma resolução rápida deste mal que, segundo afirmou, começa a enraizar-se e tem vindo a afastar os empresários do país. 

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