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África: Covid-19 pode atirar 50 milhões para pobreza extrema

Lusa
7 de julho de 2020

A previsão é do Banco Africano de Desenvolvimento, que aponta ainda para a destruição de até 30 milhões de empregos com a Covid-19. África Austral é a região mais vulnerável.

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Südafrika Durban | Coronavirus | Obdachlose Temperaturmesserung
Foto: Reuters/R. Ward

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) disse esta terça-feira (07.07) que a pandemia de Covid-19 pode atirar quase 50 milhões de africanos para a pobreza extrema e destruir até 30 milhões de empregos, principalmente na África central e ocidental.

"A pandemia de Covid-19 pode atirar entre 25 até 50 milhões de pessoas para uma situação de pobreza extrema, a maioria delas na África ocidental e central", disse Hanan Morsy, na apresentação da atualização das previsões económicas para o continente africano.

No Suplemento às Perspetivas Económicas Africanas, apresentado em formato virtual em Abidjan, a diretora do departamento económico desta instituição multilateral apontou ainda que as estimativas apontam para a perda de 25 a 30 milhões de empregos, principalmente na economia informal, que representa a maioria da atividade económica no continente.

No documento que atualiza as previsões feitas no final de janeiro, o BAD recomenda aos governos que façam uma gestão cautelosa do fim das medidas de confinamento e reabertura das economias, rejeitando a ideia de tolerância zero, segundo a qual só quando não houver casos ativos a economia é reaberta.

"Tem de haver um desconfinamento gradual, com base nas cadeias de transmissão menos vulneráveis, nomeadamente nas indústrias, na construção, e depois, com mais segurança, no retalho", defendeu Hanan Morsy.

Revisões em baixa

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Na apresentação, a responsável disse que a região da África oriental "é mais resiliente graças à diversificação e menor dependência das matérias primas, crescendo 0,2% no pior cenário".

Pelo contrário, a África Austral, onde está Angola e Moçambique, é a região mais vulnerável, podendo enfrentar uma quebra do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4,9% e 6,6%, de acordo com o BAD, que estima ainda uma duplicação dos défices orçamentais para 4% do PIB e uma subida de 10 pontos percentuais na dívida pública, para uma média acima de 70% este ano que quase chega a 75% em 2021.

O BAD piorou as previsões de crescimento para o continente, antecipando agora uma recessão de até 3,4% este ano, considerando que a pandemia de Covid-19 "é um evento tipo cisne negro, que acontece uma vez por século e é imprevisível".

No Suplemento às Perspetivas Económicas Africanas, o banco estima agora uma recessão de 1,7% até 3,4%, dependendo do cenário médio ou mais gravoso, e uma recuperação de entre 2,4% a 3% no próximo ano.

"Os países dependentes da exportação de matérias primas e do turismo serão os mais afetados", com quebras no PIB de 2 a 4% no caso dos exportadores e de mais de 10% para os países dependentes do turismo para equilibrar as finanças públicas.

Em África, há 11.622 mortos confirmados em quase 492 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 538 mil mortos e infetou mais de 11,64 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

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