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Críticas à remodelação de edifício governamental em Luanda

3 de dezembro de 2018

Em Angola está a gerar controvérsia a decisão do Governo de gastar o equivalente a mais de 17 milhões de euros para remodelar o edifício do Conselho de Ministros. Os fundos poderiam ser melhor empregues?

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Foto: Getty Images/AFP/S. de Sakutin

O despacho que autoriza o contrato da empreitada foi assinado há poucos dias pelo Presidente angolano, João Lourenço. Para o analista político Augusto Báfuabáfua, foi a questão da segurança que ditou a remodelação, especialmente no âmbito do combate à corrupção e à impunidade.

"É preciso evitar que a sala esteja exposta a alguma espécie de infiltração ou aparelho de escuta", disse o analista à DW África. "O Presidente João Lourenço está a desmantelar muitos interesses instalados. Então, é normal que estas pessoas possam ter deixado ou queiram montar algum aparelho de escuta para que possam ter informações privilegiadas sobre o que é decidido", explica.

Infraestruturas degradadas

Ainda assim, e em tempos de crise, Augusto Báfuabáfua entende que também é preciso investir no setor social. Defende, por exemplo, que nos próximos orçamentos haja uma fatia maior para os setores geradores de emprego e enumera as falhas.

Críticas à remodelação de edifício governamental em Luanda

"Há setores tão necessitados como a assistência social, família e promoção da mulher, a própria educação e a saúde, de alguma forma agricultura e o turismo são grandes geradores de emprego e também precisam de dinheiro", sublinha o analista.

O ativista cívico Jeremias Benedito, um dos integrantes do conhecido caso 15+2, vive na província angolana do Moxico. E diz que a situação na região leste do país é lastimável, principalmente no que diz respeito às estradas. 

Falsas prioridades

"Temos vários problemas. A estrada que liga Luanda, Saurimo, e Lunda Norte está totalmente degradada", disse Benedito à DW África, lembrando que "é a construção de infraestruturas que irá permitir que investimentos".

Por isso, Jeremias Benedito gostava de ver o dinheiro investido noutros setores e não na remodelação do edifício do Conselho de Ministros. "Esse dinheiro serviria para a requalificação das estradas ou para ajudar os camponeses, por exemplo. Temos problemas de iluminação pública, temos problemas de infraestruturas, de falta de escolas, falta de livros no país, falta de carteiras e falta de professores", disse o ativista.