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Crise em Moçambique pode afetar combate ao HIV/SIDA

1 de dezembro de 2016

O país tem o maior número de casos de HIV/SIDA entre os PALOP, com cerca de 1,5 milhões de pessoas infetadas. Apesar dos avanços, a crise económica traz incertezas sobre o financiamentos de projetos de combate à doença.

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Foto: picture-alliance/dpa/L.Bo Bo

O porta-voz do Conselho Nacional de Combate à SIDA (CNCS) de Moçambique, Juvenal Armazia, acredita que a atual crise económica neste país poderá abalar os financiamentos aos projetos de combate à doença. Com destaque para os projetos financiados por verbas externas, porque a crise tende fazer com que os doadores redefinam prioridades e focos de ação no país.

Segundo Armazia, trata-se de algo que já vem acontecendo. "A crise económica afeta-nos. O país não muda o cenário de ter mais financiamentos domésticos e menos financiamentos internacionais da noite da noite para o dia", explica. De acordo com  o porta-voz do CNCS, são necessários investimentos em medicamentos e para prevenção da doença e cerca de 95% desses fundos são de parceiros internacionais.

Apesar dos esforços empreendidos para combater o HIV/SIDA nos últimos dez anos, os números ainda são alarmantes. Em Moçambique, mais de cem pessoas morrem todos os dias - um total aproximado de 40 mil pessoas por ano.

Grupos de risco

O especialista Mario Merrengula, da Universidade Johns Hopkins, diz que no país em questão os grupos de risco são todos os "homens e mulheres entre os 15 e 49 anos". Ele trabalha para essa instituição e tem auxiliado a implementação de projetos de combate à doença em Moçambique.

Mozambik Kampagne gegen Sida
Campanha do CNCS em MoçambiqueFoto: Conselho Nacional de Combate a SIDA-CNCS

Segundo especialistas, entre as causas da epidemia está o diagnóstico tardio. Muitas pessoas evitam fazer o teste por vergonha ou medo. Uma vez portadoras do vírus, acabam transmitindo a doença.

O porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Gregory Härtl, diz que o diagnóstico é importante porque possibilita o tratamento antecipado. Com isso, "há mais hipóteses de sobrevivência, além de evitar-se a contaminação de parceiros", diz Härtl.

Esforços

Mario Merrengula, da Universidade John Hopkins, salienta o esforço do Governo moçambicano para conceder financiamentos às organizações da sociedade civil.

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Os resultados são visíveis. A ONU-SIDA reporta uma queda de 40% no número de novas infecções entre adultos de 2004 a 2014 neste país. A contaminação diminuiu em 73% entre os bebés de mães portadoras do vírus. 

"Há um esforço que foi feito pelo Governo de Moçambique para assegurar que não tenhamos pessoas infectadas através da gravidez ou através da transfusão de sangue", diz Merrengula.

Também o IV Plano Estratégico Nacional de resposta ao HIV/SIDA 2015-2019,  avaliado em 472 milhões de euros, prevê a redução da mortalidade em 40% e o aumento em 80% no número de beneficiários de antirretrovirais.

Por isso, o porta-voz do CNCS mantém-se otimista sobre a prometida diminuição dos casos da doença no país até 2030. "Talvez não erradiquemos a doença, mas podemos fazer com que o HIV/SIDA deixe de ser um problema de saúde pública em Moçambique”, conclui Juvenal Armazia.

 

Tainã Mansani Jornalista multimédia
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