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Crise política afasta 22 mil alunos das escolas em Manica

Bernardo Jequete (Chimoio) 27 de junho de 2016

Aumentou o número de crianças que deixaram de ir às aulas devido aos confrontos no centro de Moçambique. Segundo o Governo, estudantes serão transferidos para outras escolas. Alunos da província de Manica apelam à paz.

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"Não queremos a guerra, senhor ministro", disseram alunos de Manica ao titular da pasta da EducaçãoFoto: DW/B. Jequete

Subiu de 18 mil para 22 mil o número de alunos do ensino primário que estão sem aulas, devido à tensão político-militar que se vive em alguns distritos da província de Manica. Os números foram divulgados no último sábado (25.06), em Chimoio, pelo diretor provincial da Educação e Desenvolvimento Humano, Estêvão Rupela, por ocasião da visita do ministro da tutela, Jorge Ferrão, a Manica.

Ao responsável pela pasta da Educação foi pedido que interceda junto do Presidente da República, Filipe Nyusi, para que encontre mecanismos para pôr fim aos constantes ataques e confrontos armados na região entre os homens da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o principal partido da oposição, e as Forças Armadas de Moçambique.

Trajadas de túnicas brancas, simbolizando a paz, as crianças imploraram para que seja alcançada a paz no país "muito rapidamente". Ao ministro foi também solicitada uma resposta para o caso das crianças que tiveram de abandonar por completo as aulas devido ao aumento dos ataques armados.

Mosambik Schulkinder in der Provinz Manica
Crianças de Manica apelaram ao fim do conflito no paísFoto: DW/B. Jequete

O ministro da Educação e Desenvolvimento Humano anunciou que as crianças vão ser transferidas para escolas localizadas em regiões mais calmas, sobretudo os alunos da segunda, quinta e sétima classes que estão prestes a efectuar os exames de fim de ano lectivo. "Os alunos sem aulas em Manica hão-de ser reintegrados noutras escolas, como também os professores que estão nas mesmas condições", disse.

Segundo Jorge Ferrão, os ataques que ocorrem na região estão a causar muitos prejuízos, particularmente nos distritos de Báruè, Manica e Mossorize, onde as crianças estão privadas de estudar, com medo das consequências da violência armada que tem afetado estes distritos.

Na semana passada foram reabertas 15 escolas que tinham sido encerradas por causa do aumento dos ataques no distrito de Murrumbala, na província da Zambézia, revelou ainda o governante.

"Não queremos a guerra, senhor ministro"

Os alunos da segunda classe Cleito Henrique Wetela, Paulo Isaías e Aida Mussají Sulemane, todos com oito anos de idade, explicaram à DW África que não querem a guerra porque ela mata, destrói escolas, estradas, casas e muito mais.

"Não queremos a guerra, senhor ministro", disseram ao titular da pasta da Educação. "Queremos a paz para crescermos com um futuro risonho e concluirmos os nossos estudos, pois somos o futuro".

Pediram ainda ao Presidente Filipe Nyusi e ao líder do maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, para resolverem as diferenças. "Antes que a guerra arruíne tudo o que temos, construído com grande sacrifício", sublinharam as crianças de Manica.

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