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Denúncias de fraude na eleição de governador na Nigéria

Philipp Sandner | tms
27 de março de 2019

No estado de Kano, o segundo mais populoso da Nigéria, cidadãos e oposição denunciam fraude na repetição das eleições para escolher o novo governador. Observadores foram impedidos de acompanhar o pleito no sábado.

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Abdullahi Umar Ganduje (centro) governa Kano desde 2015Foto: Salihi Tanko Yakasai

A primeira votação, de 9 de março, foi anulada pelas autoridades eleitorais após registo de irregularidades, violência e intimidação de eleitores. Para quase 130 mil eleitores em 28 distritos, as eleições para escolher o governador tiveram de ser remarcadas.

Mas pouca coisa mudou em Kano na repetição deste pleito, segundo o relato de uma eleitora ouvida pela DW na vila de Bichi. "Não votei, porque estava tudo tomado por arruaceiros armados. temíamos pela nossa vida", disse.

Muitos eleitores de Kano foram impedidos de votar, segundo observadores eleitorais. "No sábado, milhares de desordeiros, armados com facões e outras armas, cercaram as assembleias de voto, ameaçaram as pessoas e forjaram a votação ao dominar as assembleias de voto", conta o cientista político Jibrin Ibrahim, do Centro para a Democracia e Governação.

Além dos eleitores, trabalhadores eleitorais, observadores e jornalistas também foram impedidos de fazer o seu trabalho. A missão de observação da União Europeia, que contou com a participação de 20 observadores, disse na segunda-feira (25.03) que não teve acesso a diversas zonas do Estado.

Denúncias de fraude na eleição de governador na Nigéria

"Foram as piores eleições que já vi. Pessoas armadas foram trazidas para cá para impedir as pessoas de votar. E esta foi a primeira vez que vi jornalistas serem intimidados em plena luz do dia", relatou o correspondente da DW naquela região, que teve dificuldades quando tentou cobrir o dia da votação.

Para o cientista político Jibrin Ibrahim, do Centro para a Democracia e Governação, os acontecimentos não eram previsíveis, uma vez que as últimas eleições foram em grande parte pacíficas. "As pessoas não estavam à espera deste terrível espetáculo. Todos estavam acom a impressão de que o governador queria ganhar as eleições através de projetos de desenvolvimento, como a perfuração de poços, reforma dos centros de saúde, etc. Os cidadãos iriam decidir", comenta.

Oposição contesta resultados

Após as eleições regulares de 9 de março, a comissão eleitoral anulou os resultados de alguns distritos eleitorais em seis Estados. Em Kano, o governador em exercício Abdullahi Umar Ganduje estava com uma pequena desvantagem na primeira votação. Ganduje é membro do Congresso dos Progressistas (APC), partido do Presidente reeleito Muhammadu Buhari.

No domingo (24.03), a Comissão Eleitoral anunciou que o governador Abdullahi Umar Ganduje venceu as eleições e com uma vantagem de quase 9 mil votos.

O Partido Democrático do Povo (PDP), da oposição, já anunciou que contestará o resultado. E considera o seu candidato o legítimo vencedor, já que alcançou a maioria relativa de votos na eleição de 9 de março.

Os observadores eleitorais também não querem aceitar o resultado e pedem que a eleição parcial seja cancelada. O Centro de Democracia e Desenvolvimento fala de um revés significativo para a democracia nigeriana.

A decisão da comissão eleitoral da Nigéria de anular as eleições de 9 de março em seis estados ocorreu duas semanas depois de o Presidente Muhammadu Buhari ter sido reeleito para o seu segundo mandato, numa votação classificada pela oposição como "fraudulenta".