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Denúncias de rapto e tortura no Zimbabué

Privilege Musvanhiri
30 de agosto de 2019

No Zimbabué, as denúncias de rapto e tortura a críticos do Governo estão a tornar-se cada vez mais frequentes. Crimes que têm estado a ser associados às agências de segurança do Estado. Governo distancia-se da violência.

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Foto ilustrativaFoto: Colourbox

Tatenda Mombeyarara tem 37 anos e é uma das vítimas destas perseguições. O ativista de direitos humanos foi sequestrado e torturado na noite de 13 de agosto de 2019, encontrando-se agora a recuperar de uma cirurgia ao pé. Os homens que o atacaram acusaram-no de conspiração para derrubar o Governo.

"Tinha acabado de adormecer quando ouvi um barulho na janela. Ouvi várias vozes a gritar: "Polícia! Polícia! Abram ou entramos à força!” No momento em que vi as máscaras, fez-se luz e percebi que já era tarde demais”, contou à DW.

Tatenda Mombeyarara é coordenador de um movimento de cidadãos. Em maio, quando regressava das Maldivas, onde participou num seminário sobre envolvimento cívico, ele e seis colegas do movimento, foram presos e acusados de subversão.

Um episódio que, segundo ele, mudou a sua vida: "Sinto-me cercado. Nem sequer me sinto à vontade para andar pelas ruas de Harare, não porque tenha feito alguma coisa, mas porque me sinto ameaçado. Estarmos sob a atenção do Governo e sentirmo-nos atacados por ele é um pesadelo. Sinto-me mal”.

Denúncias de rapto e tortura no Zimbabué

A situação económica no Zimbabué tem vindo a deteriorar-se. Só no último ano, o custo de vida aumentou drasticamente, tendo a inflação atingido os 175%. Os protestos têm estado a surgir com os zimbabueanos a exigir ao Governo que resolva a situação.  Mas, "silenciar as vozes críticas” tem sido a resposta do Executivo, acusa a oposição.

Governo nega acusações

Vários ativistas afirmam que, pelo menos, 26 membros dos principais partidos da oposição foram raptados e torturados desde 14 de agosto. Acusações que foram já refutadas pelo Executivo que diz não ter qualquer responsabilidade nestes atos de tortura.

Nick Mangwana é porta-voz do gabinete do Presidente Emmerson Mnangagwa e assegura que "o Governo não rapta cidadãos. Se alguém for suspeito de ter cometido um crime desta natureza, o Governo, através das suas instituições da polícia, irá deter as pessoas em causa e levá-las a julgamento. E em caso de condenação, estas cumprirão a sua pena”.

É preciso mais do que garantias...

Nick Mangwana
Nick Mangwana, porta-voz do gabinete do Presidente Emmerson MnangagwaFoto: DW/T. Sakzewski

Garantias que não são suficientes para Doug Coltart, um advogado de direitos humanos, que foi também vítima de violência por parte da polícia.

Coltart entende que "o Estado do Zimbabué não está a garantir a segurança dos seus cidadãos. O Artigo 52 da Constituição garante o direito de todas as pessoas a não sofrerem violência de fontes públicas ou privadas. E todas as provas apontam para que o Estado seja o principal perpetrador destes abusos".

O crescente número de ataques contra opositores do Governo já mereceu uma repreensão das missões internacionais no Zimbabué. Bishow Parajuli, é o coordenador da ONU no país e diz que "abordar as pessoas à noite com máscaras e espancá-las é absolutamente intolerável. Tem que haver diálogo. Está na hora do novo Zimbabué fomentar confiança".

A violação de direitos humanos no Zimbabué já não é novidade e era uma prática comum no Governo de Robert Mugabe, tendo levado à aplicação de sanções a vários políticos do país.

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