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Dia Mundial da População: O dilema demográfico de África

Martina Schwikowski | tms
11 de julho de 2019

A ONU promove o Dia Mundial da População a 11 de julho para alertar para os problemas do crescimento populacional. Em África, as elevadas taxas de natalidade continuam a ser um enorme desafio.

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Ghana Project BG Ghana's viele Gesichter
Foto: Imago/F. Stark

A ONU promove o Dia Mundial da População a 11 de julho para alertar para os problemas do crescimento populacional. Em África, as elevadas taxas de natalidade continuam a ser um enorme desafio.

Até 2050, a população africana deverá duplicar, passando de 1,3 mil milhões para 2,5 mil milhões de pessoas. Este ritmo acelerado, alerta Alisa Kaps, do Instituto para a População e o Desenvolvimento, em Berlim, "gera problemas para cada um dos Estados e pode sobrecarregar completamente um país".

"Como exemplo extremo temos o Níger, que triplicará a sua população até 2050. Para este excesso de pessoas há uma falta de infraestrutura adequada, cuidados de saúde, acesso a hospitais, educação e empregos", explica.

O crescimento económico em muitos países não acompanha o aumento da população e a pobreza aumenta. E este é o dilema que pode ser esperado por muitos países africanos no futuro.

Dia Mundial da População: O dilema demográfico de África

Diminuição da natalidade – um ponto chave

Apesar da queda da mortalidade infantil, a taxa de natalidade – de 4,7 crianças por mulher – permanece elevada em comparação com outros países. A diminuição do número de crianças vai acelerar o desenvolvimento no sentido de uma maior prosperidade? Ou só vai diminuir quando o desenvolvimento económico avançar? "Isto é um ciclo", frisa Kaps, que acompanhou a questão através de um estudo realizado na Tunísia, Marrocos, Botsuana, Gana, Quénia, Etiópia e Senegal.

"É preciso um certo grau de desenvolvimento. Depois, o número de nascimentos declina e isso, por sua vez, cria incentivos para novos progressos. Este desenvolvimento pode ser visto nos chamados Tigres Asiáticos, que são considerados bons exemplos nesta questão", acrescenta a especialista.

A educação é um fator decisivo para o declínio dos nascimentos. Quanto melhor a educação das mulheres, mais tarde os casamentos vão acontecer. Isto porque, segundo Alisa Kaps, "elas constroem perspectivas diferentes para o futuro e contribuem mais para o orçamento familiar".

Mas a mudança demográfica em África ocorre lentamente, afirma Jakkie Cilliers, diretor do Instituto Sul-africano de Estudos de Segurança, que culpa também o baixo nível de educação entre raparigas e mulheres e, ainda, a falta de serviços de saúde. Há também uma ausência de informação e métodos contraceptivos modernos. "Este é um tema sensível", admite Cilliers, em entrevista à DW.

Um debate urgente

Mosambik Lese- und Schreibwoche in Manica
Educação é essencial para solucionar o problema do crescimento populacional.Foto: DW/B. Chicotimba

O diretor do Instituto Sul-africano de Estudos de Segurança considera necessário que se inicie um debate sobre o assunto em África, porque é um tema que afeta toda a sociedade. Jakkie Cilliers enfatiza o foco desta mudança de pensamento: qualificar mais pessoas em idade ativa para que a economia cresça.

"Muitos chefes de Estado africanos acreditam - porque África tem uma grande população jovem - que isso leva ao crescimento económico, mas não é assim, devido à lenta mudança demográfica. Ainda temos pelo menos três décadas pela frente antes que a população beneficie do bónus demográfico", alerta o especialista.

Mas há alguns casos de sucesso no norte de África. Segundo Jakkie Cilliers, a Argélia, Tunísia e Marrocos têm as taxas de natalidade mais baixas do continente, seguidos dos países do sul do continente com um número menor de filhos por família. O resultado: os países do norte de África crescem mais do que as outras nações no continente.

Outros exemplos positivos são a África do Sul e o Egito, que já beneficiam do bónus demográfico. Também o Botsuana, a Etiópia e o Gana. São todos países que estão num bom nível de desenvolvimento, porque conseguiram controlar o crescimento populacional com políticas públicas em setores estratégicos, como a saúde e educação.

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