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Diplomacia guineense relançada com "agressividade"?

Iancuba Dansó (Bissau)
22 de outubro de 2020

A ofensiva diplomática da Guiné-Bissau é notória. Em Bissau encontra-se uma delegação senegalesa para uma sessão de troca de experiências. E, em pouco tempo, foram assinados vários acordos com diferentes Estados.

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Na foto, da esquerda para a direita: Muhammadu Buhari, Presidente da Nigéria, Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, e Macky Sall, Presidente do SenegalFoto: Iancuba Dansó/DW

As últimas semanas têm sido marcadas pela abertura de uma ofensiva diplomática guineense junto de vários países, depois de o Presidente Umaro Sissoco Embaló ter defendido nas comemorações dos 47 anos da independência do país que a Guiné-Bissau precisa de uma "diplomacia agressiva".

Bissau, Guinea-Bissau
Ministra guineense Suzy BarbosaFoto: DW/Braima Darame

A ministra dos Negócios Estrangeiros, Suzy Barbosa, assinou em Rabat, Marrocos, quatro acordos de cooperação no âmbito de uma visita de trabalho àquele país. Em nota, o Ministério guineense dos Negócios Estrangeiros explica que os acordos são nas áreas da indústria, transportes, energia e turismo.

E esta quinta-feira (22.10), uma delegação senegalesa de 10 elementos, composta por vários técnicos e dois ministros - da Economia e do Empoderamento das Mulheres e Jovens - esteve reunida com técnicos guineenses numa sessão de troca de experiências que vai culminar, na sexta-feira, com a assinatura de acordos em diferentes áreas.

Estradas na mira

As duas delegações abordaram questões ligadas às reformas da administração pública guineense, das infraestruturas rodoviárias, da agricultura e da energia.

Präsidentschaftswahl in Guinea-Bissau 2014 Vítor Mandinga
Ministro Vitor MandingaFoto: DW/B. Darame

O ministro guineense da Economia, Plano e Integração Regional, Vítor Mandinga, vê várias vantagens na cooperação com o Senegal.

"Agora, é uma questão de arranjos financeiros. Com a experiência que o Senegal tem e com a vontade que temos, por exemplo, é provável que comecemos no próximo ano os trabalhos de ligação [das estradas] Safim-Jugudul e ponte de Farim [norte da Guiné-Bissau], e a estrada de Farim a Tanaff, na República do Senegal, e do lado senegalês, de Tanaff a Sediou. Isso está praticamente adquirido, agora é uma questão de trabalho e precisão", explica o ministro.

Espera-se de Bissau reformas

Por sua vez, o ministro da Economia do Senegal, Amadou Hott, espera reformas na administração pública guineense.

Guinea-Bissau | Straßen während der Regensaison
Uma estrada de BissauFoto: DW/I. Dansó

"Outro ponto que discutimos é a reforma na administração pública. O Senegal passou por isso e é importante que [as reformas] sejam realizadas em outros países e na Guiné-Bissau. Há uma esperança aí".

No espaço de um mês, vários chefes de Estado visitaram o país. O último foi o Presidente da Gâmbia, Adama Barrow, que esta quarta-feira esteve na capital guineense para uma visita de algumas horas.   

Guiné-Bissau reflete estabilidade e confiança?

Para o professor de Relações Internacionais Banor Fonseca, o "relançamento" da diplomacia guineense é importante. "Isso demonstra uma certa estabilidade e uma confiança que a Guiné-Bissau está a refletir a nível internacional. Isto é muito bom e um bom passo", acredita.

Contudo, afirma que isso "não basta, temos que traduzir essa confiança em ações e políticas concretas, porque também não faz sentido ter representações só por ter".

Fonseca sublinha: "A nível interno, vamos precisar de trabalhar mais um pouco para merecer essa confiança e benefício da dúvida que estamos a ter neste momento."  

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