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Duas sugestões para que todos sintam o crescimento económico

Romeu da Silva (Maputo)9 de abril de 2015

A economia moçambicana cresce todos os anos, mas a população não vê ganhos. Para alterar essa realidade, especialistas pedem maior transparência e que se ponha um travão nos "subsídios excessivos" às multinacionais.

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Foto: DW

Muitos moçambicanos continuam a não beneficiar do crescimento económico nacional, em média, de 7% ao ano. O economista Nuno Castel-Branco diz que é preciso cortar os subsídios excessivos concedidos às multinacionais que geram lucros há anos, referindo-se em particular à Mozal, Kenmare e Sasol.

Segundo Castel-Branco, é preciso evitar uma "bolha económica" no país. Se essa bolha continuar a crescer como até aqui, um dia pode explodir, como as bolhas de sabão - ficariam apenas as dívidas e o desemprego. O economista alerta que Moçambique se tornou muito menos eficaz a reduzir a pobreza.

"O Estado continua a dar prioridade à ligação entre o grande capital multinacional e o capital aspirante emergente doméstico e não necessariamente à resolução das questões da 'pobreza'".

20 Jahre Frieden in Mosambik Carlos Nuno Castel-Branco vom IESE
Economista Nuno Castel-BrancoFoto: DW/M.Barroso

De acordo com Nuno Castel-Branco, ou essa realidade se altera, ou continuarão por solucionar problemáticas como a falta de medicamentos nos hospitais, a deterioração da qualidade de ensino ou o fraco desenvolvimento do sistema de transportes públicos.

Castel-Branco explica que a "bolha económica" é um padrão de crescimento sustentado pela especulação e financiado por dívida.

Deste fator resulta uma crise de credibilidade do sistema financeiro, onde o Estado intervém para salvar especuladores à custa do corte de serviços sociais e aumento dos impostos sobre o consumo. "Essa é que é a questão problemática. E é uma questão política", afirma.

Continua a faltar transparência

Adriano Nuvunga, investigador do Centro de Integridade Pública (CIP), lembra, por outro lado, continua a haver falta de transparência na gestão dos recursos do país. Exemplo disso são as concessões atribuídas em regime de parcerias público-privadas às elites políticas, que não pagam impostos: "Há conflitos de interesse transversais a todos os níveis da administração pública."

Há, por exemplo, "funcionários públicos, nos mais diversos escalões, que procuram construir empresas para participarem nos concursos lançados pelas instituições onde eles estão afectos", diz Nuvunga. Ele reconhece que, nos últimos anos, o país avançou em termos de legislação, mas na prática pouco foi feito.

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Segundo um estudo do Banco Mundial sobre a economia de Moçambique, divulgado em 2014, os recursos naturais, o gás e o carvão, contribuirão para um maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas não necessariamente do país, se as rendas não forem investidas.

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