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FMI: África terá um papel cada vez mais importante

Lusa
6 de março de 2021

Segundo o diretor do departamento africano do FMI, o continente é incontornável para um investidor global. Abebe Selassie esclarece ainda que aderir ao alívio da dívida não afeta a capacidade dos países de a pagarem.

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Foto: Yuri Gripas/REUTERS

O diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI), Abebe Aemro Selassie, considerou hoje em entrevista à Lusa que os investidores globais têm de olhar para África porque o continente terá um papel cada vez mais preponderante. 

"África vai ter um papel cada vez mais importante, e é por isso que o investidor privado tem de ter atenção, senão perde o próximo barco do crescimento", disse Abebe Selassie, quando questionado se o impacto da pandemia de covid-19 afetou a perceção dos investidores sobre o continente. 

Na entrevista à Lusa concedida por videoconferência a partir de Washington, a sede do FMI, o diretor do departamento africano apresentou vários argumentos para sublinhar a importância de África para os investidores globais. 

"O PIB e a população de África são do tamanho da Índia, por isso não é possível ter uma estratégia global sem ter também uma estratégia para África", disse Selassie, admitindo que "um investidor pode olhar e pensar que são 54 economias e que são demasiado pequenas, pode optar por não investir lá, mas decide por sua conta e risco porque pode falhar a próxima grande fonte de crescimento e também de lucro, francamente". 

Como recuperar da crise provocada pela Covid-19?

Sobre as principais ações prioritárias para os países africanos recuperarem da crise económica agravada pela pandemia de covid-19, Selassie elencou o controlo da propagação do vírus, a definição de políticas macroeconómicas adequadas e o reforço do apoio da comunidade internacional como decisivas para superar este desafio.  

A estratégia de África contra a pandemia

Sobre o processo de vacinação em África, o responsável entende que "a comunidade internacional deve garantir um acesso equitativo e acessível" e questionou "porque é que há só nove farmacêuticas a produzir a vacina, e não 900, dada a importância de acelerar a produção". 

"A comunidade internacional tem de trabalhar em conjunto para encontrar recursos para comprar e distribuir as vacinas, mas também para as produzir", argumentou.  

Alívio da dívida

Questionado sobre quais as consequências para os países que aderirem aos instrumentos lançados recentemente pelo G20 para nações endividadas, o responsável afirmou que a adesão ao alívio da dívida não tem implicações na capacidade de a pagar. 

"Não vemos uma necessidade de automatismo entre aderir ao Enquadramento Comum [para o tratamento da dívida para além da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI)]e a capacidade de servir a dívida, porque haverá países com dívida sustentável que precisam apenas de mais espaço orçamental". 

Segundo o responsável, a adesão a este instrumento definido pelo G20 no final do ano passado tem várias modalidades e depende das circunstâncias de cada país, não havendo um modelo único para o tratamento da dívida das nações. 

"Os países que aderiram ao alívio da dívida são Chade, Etiópia e Zâmbia, e mesmo entre estes países, as circunstâncias em que as suas economias estão são diferentes, incluindo a capacidade de servir a dívida", disse. 

O Enquadramento Comum, acrescentou, "existe para os países que queiram um tratamento da dívida para além da DSSI, e fornece condições para criar margem de manobra orçamental a curto prazo para lidar com a pandemia". 

O pedido de adesão a este Enquadramento tem sido a razão apontada para as agências de notação financeira descerem o 'rating' dos países, argumentando que haverá perdas ou alterações nos contratos financeiros assinados com os credores privados, o que tem motivado críticas por parte destes países e outras instituições financeiras internacionais. 

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