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Eleições na República Centro-Africana terão grandes desafios

Patrica Huon4 de novembro de 2015

Eleições na República Centro-Africana enfrentam inúmeros desafios, numa altura em que a situação se encontra novamente muito tensa. O desarmamento das milícias num país onde as armas proliferam é o grande desafio

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Foto: picture-alliance/AA/H. Cyriaque Serefio

Os números dos últimos meses não deixam margem para dúvidas: só no domingo passado (2.11) morreram pelo menos três pessoas, enquanto mais de 100 casas foram incendiadas. Já em Setembro 61 pessoas perderam a vida na violência entre as milícias Seleka e anti-Balaka e foi necessária a intervenção de forças internacionais para controlar a situação.

O desarmamento das milícias num país onde as armas proliferam é considerado o grande desafio ao processo de paz e às eleições que se avizinham.

Justine, tem 17 anos e passou dois deles nas fileiras da ex-seleka, o movimento rebelde que esteve na origem de um golpe no país em março de 2013. “Trabalhei para eles: fui soldado e cozinhava para as milícias."

No passado mês de junho, ela foi desmobilizada, juntamente com outros menores. Desde então, ela retomou o caminho da escola, em Bambari, uma cidade localizada no centro do país. "Não queria participar nos combates e matar as pessoas. Ter uma arma nas mãos - não é isso que eu quero. Prefiro ir estudar, quero frequentar a escola."

Zentralafrikanische Republik Seleka Rebellen
Os rebeldes ex-Seleka e os anti-Balaka são os principais motores de instabilidade mas também há muitos civis com armasFoto: ISSOUF SANOGO/AFP/Getty Images

Desarmar os adultos

Mas o maior desafio na República Centro-Africana, é desarmar os adultos, menos dispostos a abandonar as suas metralhadoras. Um programa conhecido pela sigla DDR – desmobilização, desarmamento e reinserção - deverá ser posto em prática imediatamente a seguir às eleições de dezembro. Um desarmamento voluntário com o qual se comprometeram todos os grupos armados mas um pouco difícil de arrancar, como explica este consultor de uma organização internacional em Bangui que preferiu o anonimato.

"É evidente que existe uma grande quantidade de armas a circular neste país, mas é difícil encontrar essas armas, porque as populações escondem-nas nas suas casas. Para um processo de desarmamento, é necessária muita estrutura.

Portanto tudo isso apenas será possível com o completo envolvimento dos grupos armados. No entanto, também existem aqui muitos civis que, para manterem a sua segurança, tem em sua posse de muitas armas - e desarmar essas pessoas é extremamente difícil, tanto para a ONU, como para o governo.”

O programa de desarmamento terá um custo total de 25 milhões de euros, mas os doadores estão cautelosos devido à instabilidade que continua a reinar no país.Várias questões continuam sem resposta, nomeadamente a integração dos grupos armados no exército e na polícia, algo que segundo os analistas é prioritário, embora até hoje não se tenha chegado a um acordo sobre o assunto.

O General Joseph Zoundeco, que chefia uma das facções da ex-Seleka insiste neste ponto. "Mesmo que eu hoje decida entregar as armas, posso comprar essas mesmas armas já amanhã, para a minha segurança. O importante é integrar estes jovens no exército, onde irão trabalhar no restabelecimento da segurança no país. Se não o fizermos, se não os integrarmos, a RCA não viverá em paz por muito tempo."

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