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Empresários moçambicanos querem aproveitar o boom dos minérios

Romeu da Silva (Pemba)26 de agosto de 2014

O empresariado moçambicano diz estar preparado para responder às exigências da indústria mineira e de hidrocarbonetos, apesar da falta de dinheiro, da exclusão em alguns setores e da monopolização do setor público.

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Foto: DW/M. Barroso

O Governo tem insistido no envolvimento dos empresários moçambicanos na indústria mineira e de hidrocarbonetos em Moçambique. Em Pemba, na província nortenha de Cabo Delgado, o Presidente Armando Guebuza disse que os empresários moçambicanos devem ser “mais agressivos”.

Perante a crescente industrialização do setor, o chefe de Estado pediu aos empresários para que “se posicionem devidamente para darem resposta às exigências desta indústria” e avançou algumas sugestões, como o fornecimento de equipamentos sobresselentes e reparação de veículos e de máquinas pesadas.

“Esta é mais uma oportunidade para a densificação do nosso tecido empresarial e para a criação de muitos mais postos de emprego, a maioria dos quais para os nossos jovens”, sublinhou Armando Guebuza.

Caminho ainda é longo

O setor empresarial em Moçambique diz-se pronto, mas o caminho ainda é longo para responder às exigências. A principal barreira é a falta de dinheiro. Por isso, Rogério Manuel, da Confederação das Associações Económicas (CTA), procura resolver este problema incentivando as empresas moçambicanas a fazer empreendimentos conjuntos com outras empresas.

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O setor privado, diz ainda Rogério Manuel, sente que a falta de transparência nos concursos públicos internacionais já está a ser ultrapassada. “Praticamente os estrangeiros é que sabiam mais dos concursos nacionais aqui dentro de Moçambique do que os próprios moçambicanos e não tínhamos hipótese. Mas a página já foi virada e já temos conhecimento dos concursos que estão a sair neste momento. Estamos a concorrer em pé de igualdade”, afirmou, acrescentando que “também já há uma percentagem fixa em termos de preferência doméstica”.

O Centro de Integridade Pública (CIP), porém, mostra-se inconformado com o cenário da falta de transparência nos megaprojetos. “O Governo não pode tomar decisões à revelia. E não fica bem nós, os moçambicanos, ficarmos a saber por pessoas externas a Moçambique que estão a acontecer processos”, critica a investigadora Fátima Mimbire.

“A questão é: por que é que é um processo muito fechado? Por que é que sequer o Parlamento sbae o que está a acontecer?”, interroga ainda a investigadora do CIP.

Monopolização na indústria mineira

Segundo Rogério Manuel da CTA, os moçambicanos querem estar à altura de responder às exigências da indústria extrativa, mas em alguns setores continuam a ser excluídos.

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Empresários moçambicanos devem ser “mais agressivos”, desafiou Armando Guebuza durante o lançamento da Base Logística de PembaFoto: Imago

“Ainda temos algumas empresas de carvão que ainda contratam empresas malauianas para fazerem alguns serviços”, refere, explicando que isso acontece não por que haja falta desse tipo de empresa em Moçambique, mas porque muitas vezes “essas pessoas estão ligadas a esse país e tentam trazer o setor privado desse país” para Moçambique.

O setor privado sente que há monopolização na indústria mineira das entidades públicas, mas o ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Gabriel Muthisse, discorda.

“O porto de Cabo Delgado é apenas a âncora que estabelece o plano diretor e lidera os investimentos estratégicos dentro da área portuária, mas isso não quer dizer que os privados não tenham espaço no porto de Pemba e até mesmo no porto de Palma no futuro”, explica o ministro.

Na semana passada foi inaugurada a Base Logística de Pemba, em Cabo Delgado, que servirá como estrutura de apoio à indústria de hidrocarbonetos daquela região.

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