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Estádios vazios na África do Sul na véspera do CAN 2013

Correia da Silva, Guilherme27 de dezembro de 2012

A menos de um mês do início do Campeonato Africano das Nações de 2013, as capacidades dos 10 estádios sul-africanos que em 2010 acolheram o Mundial de Futebol não estão a ser aproveitadas na totalidade.

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Dois anos e meio depois de ter acolhido o Mundial de Futebol, a África do Sul é a anfitriã do Campeonato Africano das Nações de 2013 (CAN 2013), que terá lugar de 19 de janeiro a 10 de fevereiro do próximo ano. No entanto, os estádios que há dois anos acolheram o campeonato, e que custaram cerca de 1,5 mil milhões de euros, salvo raras exceções, normalmente estão praticamente vazios.

Durante o Mundial de 2010, o estádio "Green Point Stadium", na Cidade do Cabo, ficou famoso pela sua arquitectura e pela localização, junto ao Atlântico. Entretanto, mudou de nome e chama-se agora "Cape Town Stadium". As autoridades municipais assumiram as rédeas do recinto. O estádio é utilizado, sobretudo, por equipas de futebol da primeira liga, como o Ajax Cape Town, da Cidade do Cabo.

Depois do Mundial, o número de espectadores até aumentou, diz o técnico da equipa, Max Grünewald. "A questão agora é: será que o novo estádio atrai mais pessoas, pessoas que não puderam comprar ingressos durante o Mundial, ou será que é uma tendência a longo prazo?", questiona. Provavelmente não é, porque a média de público ronda os 9 mil espectadores, reconhece Grünewald.

"Mas temos de dizer que num jogo contra os Kaizer Chiefs ou os Orlando Pirates, estão aqui 50 a 60 mil espectadores. A casa está cheia. E há outros jogos onde jogamos para um estádio com 500, 700 pessoas. São poucas pessoas para um estádio tão grande", admite o treinador.

Cidade do Cabo tenta rentabilizar estádio

O problema existe também noutros estádios do Mundial. Os Kaizer Chiefs de Joanesburgo constumam jogar em Soccer City, o maior estádio da África do Sul. "No derby de Soweto, por exemplo, a casa está lotada com 80 mil pessoas. Isso é impressionante. Mas noutros jogos o estádio está vazio", diz Max Grünewald.

Na Cidade do Cabo, pensou-se mesmo em demolir de novo o estádio. O recinto custou cerca de 450 milhões de euros. Pam Naidoo, gerente comercial do estádio, rejeita as críticas aos custos. "Há, obviamente, um grupo de interesses, que diz que o estádio é demasiado caro. Eu não penso que tenha de ser mandado abaixo. O estádio vale a pena, sem dúvida", afirma.

A cidade tenta rentabilizar o estádio em particular com concertos de música. Além disso, há visitas ao recinto, eventos, conferências, festas de casamento. O estádio até já serviu de cenário a filmes de Hollywood e Bollywood. Ainda assim, tudo isso não chega para pagar a manutenção. No ano passado, o estádio teve uma despesa de 50 milhões de rands sul-africanos, cerca de 437 mil euros, mas só entraram em caixa 11 milhões de rands.

O estádio quer mudar isso e construir restaurantes ou escritórios, por exemplo. No enatanto, o estádio sofreu também um revés. A Cidade do Cabo ficou fora do Campeonato Africano das Nações de 2013. "Nós fomos convidados a participar, mas o risco financeiro era muito grande para nós, sem determinadas garantias financeiras do governo. É pena e muitas pessoas ficaram desiludidas", conta Pam Naidoo.

Muitos também esperam que o estádio seja cada vez mais utilizado para jogar rugby, que ao lado do futebol e do cricket, é o desporto mais popular da África do Sul.

Autores: Arnulf Boettcher/Guilherme Correia da Silva
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha