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Estado de emergência: "Há aglomerações nas esquinas"

1 de abril de 2020

Está a ser difícil mudar os hábitos das pessoas na prevenção contra a Covid-19. A DW acompanhou o primeiro dia de estado de emergência em Inhambane, no sul de Moçambique. São já dez os infetados com coronavírus no país.

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Foto: DW/L. da Conceição

Moçambique entrou esta quarta-feira (01.04) em estado de emergência para conter a propagação do novo coronavírus. Em Inhambane, no sul do país, notou-se uma fraca movimentação de pessoas nas ruas. Mas mudar de hábitos está a ser difícil.

Muitas pessoas recusam-se a ficar em casa, e cumprir uma distância mínima de dois metros das outras pessoas é praticamente impossível.

Francisco Massigue, residente de Inhambane, afirma estar preocupado com a situação e garante que "não há prevenção nenhuma, uma vez que existem aglomerações nas esquinas".

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Conta que as viaturas de transporte de passageiros, por exemplo, vão cheias porque os 'chapas' não estão a obedecer às regras de prevenção. "Cumprem na saída da paragem e pelo caminho enchem na mesma, como se nada acontecesse neste país. Há muito trabalho que se deve fazer e as autoridades devem colaborar", reclama.

Nem as pessoas que residem nas áreas urbanas, nem as que moram nas zonas rurais estão a cumprir com as medidas recomendadas.

Hélio Clemente, um residente do distrito de Inhassoro, pede mais consciencialização, porque continua a ver as pessoas "a andar aglomeradas" e a apertar as mãos.

"A coisa pode piorar", avisa.

Falta informação sobre Covid-19

Nelson Almeida, residente na cidade de Maxixe, conta que, nos últimos dias, regressaram muitos concidadãos vindos da vizinha África do Sul, onde foi decretado um recolher obrigatório. 

"A maioria reside no campo, e não entendem sobre coronavírus, não têm rádio e televisão. Têm muita dificuldade para perceber o que está a acontecer a nível mundial", afirma.

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Entretanto, foram implementadas medidas para assegurar o cumprimento das regras de prevenção.

À DW África, Wilson Limeme, da Associação dos Transportadores de Inhambane, diz que garantir as normas de higiene é uma prioridade. Cada passageiro "deve lavar as mãos" com água e sabão. Outra regra é que apenas se aceita "três-a-três" - três pessoas em cada lugar. "Como já apanharam o comunicado, ninguém reclama", explica.

Naftal Matuce, porta-voz do governo da província de Inhambane, revela que acaba de ser criado um "Comité Operativo de Emergência" para dar resposta à pandemia de Covid-19. Foram ainda abertos dois centros para acomodar possíveis infetados.

Moçambique regista, neste momento, dez casos de infeções com o novo coronavírus, de acordo com os últimos dados revelados esta quarta-feira (01.04) pelas autoridades de saúde.