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Estruturas eleitorais em Moçambique continuam atrasadas

António Cascais21 de outubro de 2014

Domingos Manuel do Rosário coordenou uma das missões de observação independentes que acompanharam as eleições em Moçambique. Para ele, as irregularidades foram muitas e os órgãos eleitorais continuam presos ao passado.

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Foto: António Cascais

As irregularidades registadas no processo eleitoral em Moçambique continuam a preocupar um grupo de monitorização independente constituído pelo Centro de Integridade Pública (CIP), Liga dos Direitos Humanos, Parlamento Juvenil, entre outras organizações da sociedade civil.

A DW África entrevistou Domingos Manuel do Rosário, investigador e professor do Departamento de Ciência Política e Administração Pública da Universidade Eduardo Mondlane, que é também o coordenador deste grupo de jovens observadores.

Domingos do Rosario
Domingos Manuel do Rosário, coordenador da missão de observação do CIP e de outras entidades moçambicanasFoto: DW/A. Cascais

DW África: O vosso grupo de monitorização continua a trabalhar, continua ativo?

Domingos Manuel do Rosário (DMR): Sim, nós agora estamos a fazer um processo de centralização de todos os editais dos apuramentos distritais. Neste momento, uma das grandes dificuldades que encontramos é que três dias depois do final do prazo da divulgação dos editais a nível distrital, o processo está confuso, complicado... O processo está a ser feito lentamente e envolto em secretismo. Em alguns lugares, os diretores distritais do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) dizem que não têm ordens para a publicação dos resultados de apuramento distrital. Não sabemos que ordens são essas.

DW África: Que análise faz do processo de publicação dos editais que já deveria ter ocorrido?

DMR: Nas províncias de Sofala, Manica, Nampula, Zambézia e Niassa ainda não há detalhes. Os dados não estão a sair. Ou estão a sair lentamente.

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DW África: Tivemos conhecimento de que foi detida a chefe das operações da comissão de eleições da Beira. Isso é do vosso conhecimento?

DMR: Sim, através do Canal de Moçambique. Como sabe, o Canal de Moçambique costuma ter fontes privilegiadas de informação.

DW África: Que avaliação pessoal faz deste processo eleitoral?

DMR: Eu, pessoalmente, acho que houve muitos problemas que não precisam de ser escamoteados. Vários problemas e constrangimentos são relatados todos os dias na comunicação social, como observadores não credenciados, eleitores acima do que se pretendia, urnas encaminhadas para as mesas… Um pouco por todo o país. Há outra coisa fundamental no apuramento distrital… A percentagem dos votos nulos no apuramento distrital, sobretudo na eleição do presidente, é mais ou menos igual àquilo que é a votação do candidato Afonso Dhlakama. Isso é estranho, porque essa percentagem foi prevista na eleição presidencial e não na legislativa, nem na provincial. Há um conjunto de erros e irregularidades que tornam o processo delicado. Neste caso, acho que é necessário não escamotear todas as irregularidades do processo.

Wahlen Mosambik Escola Secundária da Polana Maputo 2014
Os resultados das eleições gerais não foram ainda divulgados pelos órgãos eleitoraisFoto: António Cascais

DW África: Que consequências e conclusões se deveriam retirar de todos estes erros e irregularidades?

DMR: Vinte anos depois das primeiras eleições multipartidárias em Moçambique, parece que regressámos não sei a que altura… Acho que em 2014 não se justifica tudo isto. A grande lição que tiramos destas eleições é que as estruturas eleitorais não estão a evoluir no tempo. As estruturas eleitorais continuam mais atrasadas do que deveriam.

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