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ConflitosEtiópia

Etiópia: Resultados do aumento do isolamento internacional

Kate Hairsine | AFP
6 de outubro de 2021

Com a expulsão dos trabalhadores da ONU da Etiópia, o Governo só atraiu críticas da comunidade internacional. E o novo Governo terá de apresentar soluções para centenas de milhares de pessoas que estão à beira da fome.

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Äthiopien | Premierminister Abiy Ahmed Ali
Abiy Ahmed, primeiro ministro da EtiópiaFoto: Minasse Wondimu Hailu/AA/picture alliance

O primeiro-ministro etíope fez várias mudanças no seu Governo para fazer face à vários problemas que o país enfrenta. Abiy Ahmed foi empossado na segunda-feira (04.10.) para um segundo mandato de cinco anos, continuando à frente de um Etiópia que se depara com um conflito armado interno de quase um ano e que considerou "odioso” para o Estado.

"O conflito na parte norte do nosso país é uma traição e a arrogância fez-nos pagar um pesado custo como nação. O conflito foi-nos infligido por alguns indivíduos que disseram que não haveria Etiópia se não pudessem governar", disse Ahmed.

O primeiro-ministro etíope lançou uma intervenção militar a 4 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF, na sigla em inglês), o partido eleito e no poder no estado situado à norte do país. Abiy Ahmed anunciou que o país vai iniciar um "diálogo nacional inclusivo que inclui todos os que acreditam numa discussão à mesa”, liderado por etíopes.

"Para reduzir as nossas diferenças políticas, teremos uma plataforma de diálogo nacional inclusiva. O processo incorporará pessoas que acreditam que as diferenças podem ser resolvidas em negociações. Não será feito apenas com elites políticas, mas também com todos os segmentos da sociedade. O processo será inclusivo, participativo, bem como conduzido com a nossa própria sabedoria etíope", garantiu Ahmed. 

Äthiopien Mekele | Pro-TPLF Rebellen
Apoiantes das forças rebeldes do TPLF em TigrayFoto: YASUYOSHI CHIBA/AFP

Apoio alimentar com urgência

O Partido da Prosperidade, de Abiy Ahmed, foi declarado vencedor das eleições legislativas realizadas no início do ano, num escrutínio criticado e que chegou a ser boicotado por partidos da oposição. Apesar disso, o ato foi descrito por alguns observadores internacionais como mais bem gerido que os anteriores.

O novo Governo terá de apresentar soluções para centenas de milhares de pessoas que estão à beira da fome. o Programa Alimentar Mundial advertiu que um total de 5,2 milhões de pessoas, mais de 90% da população de Tigray, necessitam de assistência alimentar de forma urgente devido ao conflito, disse nesta terça-feira (05.10.) uma porta-voz do Programa Alimentar Mundial, Gemma Snowdon.

"À medida que o conflito se espalha pelo norte da Etiópia, está a ter um impacto muito real nas famílias, com a insegurança alimentar a aumentar. O PAM está a expandir as suas operações para satisfazer às necessidades crescentes e é absolutamente vital que sejamos capazes de chegar a todas as comunidades onde as pessoas necessitam de assistência alimentar antes de termos uma catástrofe humanitária nas nossas mãos".

Äthiopien Hungerkrise in Tigray
A população de Tigray precisa urgentemente de ajuda alimentarFoto: Million Haileselassie/DW

Governo etíope alvo de críticas

Nobit Kidei é uma das pessoas que precisa de ajuda alimentar. Kidei deixou para trás tudo que tinha devido ao conflito: "Viemos aqui a pé. Aconteceu muito de repente, e tivemos de fugir para escapar aos combatentes. Não havia meios de transporte. As pessoas mais corajosas conseguiram viajar de veículo. Foi um grande desafio; algumas crianças ficaram feridas durante a nossa fuga e tivemos de nos esconder em aldeias ao longo do caminho".

O primeiro-ministro, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019 pela restauração dos laços com a vizinha Eritreia e pela realização de reformas políticas radicais, enfrenta agora grandes desafios, depois de o conflito que se originou em Tigray, em novembro do ano passado, se ter espalhado por outras partes do país.

As autoridades enfrentam violência comunitária mortal contínua e os grupos de observação de direitos humanos alertam que práticas repressivas estão a regressar. O conflito que se prolonga há 11 meses tem enfraquecido a economia etíope e ameaça isolar Abiy Ahmed, outrora visto como um pacificador regional.

O Governo da Etiópia foi criticado na semana passada pelas Nações Unidas, Estados Unidos da América e vários países europeus depois de ter expulso sete funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU), que acusou de apoiar as forças de Tigray.

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