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SociedadeEstados Unidos

EUA são acusados de "torturar" imigrantes menores

Lusa
2 de janeiro de 2021

Médicos pediatras afirmam que tratamento às crianças na fronteira com México "cumpre os três critérios da tortura", segundo o CAT e o Estatuto de Roma, e que pelo menos sete menores morreram sob custódia das autoridades.

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Mexiko I Symbolbild Armut I Flucht
Foto: picture-alliance/dpa/A. Rodriguez

O tratamento dispensado às crianças na fronteira com o México "inflige intencionalmente graves dores ou sofrimentos físicos e/ou psicológicos", sendo que o trauma acontece com o "consentimento e/ou aquiescência das autoridades" e que "não só é intencional como tem uma finalidade específica, como a coerção, a intimidação, a punição e/ou a dissuasão", referem.

Sobre este último ponto, o grupo de pediatras lembra que o objetivo da política de "tolerância zero", lançada em 2018 pela Administração Trump, incluía a separação das crianças das suas famílias para dissuadir os migrantes ilegais de tentarem entrar no país.

"Condições insalubres e perigosas"

Os médicos também lembraram que muitas crianças foram mantidas em "condições insalubres e perigosas" e que, desde 2018, pelo menos sete menores morreram sob custódia das autoridades ou imediatamente após serem libertados.

Como resultado desse tratamento, acusam os médicos, as crianças mostram "comportamentos traumáticos internalizados e regressivos", que resultam em "transtorno de ansiedade generalizada, depressão, transtorno de stresse pós-traumático e tentativas de suicídio". E tudo isso "patrocinado pelo Estado e dirigido pelo Presidente dos Estados Unidos", denunciam.

Segundo o grupo de pediatras, "mitigar esse trauma exigirá anos de tratamento e intervenções intensas".

Detenções na fronteira

Grenze USA Mexiko | Migranten aus Honduras werden an der Grenze festgenommen
Milhares de crianças foram separadas dos seus pais na fronteira por ordem da Administração Trump.Foto: John Moore/Getty Images

No último exercício fiscal, pelo menos 30 mil menores, sobretudo da região da América Central, que viajaram sem a companhia dos pais ou de um tutor legal, foram detidos na fronteira. A este número, juntam-se cerca de mais de 52 mil pessoas detidas quando entraram ilegalmente no país em grupos familiares (um adulto acompanhado de pelo menos um menor).

Além disso, milhares de crianças foram separadas dos seus pais na fronteira por ordem da Administração Trump e, apesar de uma ordem judicial de 2018 ter obrigado à sua reunificação, mais de 600 menores ainda não conseguiram juntar-se aos seus pais.

Por tudo isso, os autores do artigo pedem aos pediatras e aos profissionais de saúde infantil que tomem medidas para "parar e prevenir a tortura de crianças migrantes na fronteira" através da investigação e divulgação das más atuações dos políticos nesta questão.

Por outro lado, pedem à Academia Norte-Americana de Pediatras que emita uma declaração política contra a tortura infantil e contra a separação de famílias de migrantes, e que interponha um processo contra os Estados Unidos na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 

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