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Existe um mandado de captura contra Armando Guebuza?

Lusa
4 de janeiro de 2019

O advogado do antigo Presidente de Moçambique diz não ter conhecimento de qualquer mandado de captura emitido contra Armando Guebuza, no âmbito da investigação sobre as chamadas dívidas ocultas, que já levou a detenções.

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Possibilidade de haver um mandado de captura contra Armando Guebuza tem circulado nas redes sociais moçambicanasFoto: picture-alliance/dpa

"Que eu tenha conhecimento, não", respondeu Alexandre Chivale quando questionado pela agência de notícias Lusa sobre se existe algum mandado de captura sobre o antigo chefe de Estado. "Para dizer se é verdade ou não [que há um mandado de captura contra Guebuza], era preciso ver o mandado e tanto quanto sei não foi presente, eu não vi, só se visse é que teria alguma coisa para dizer", vincou o advogado, acrescentando: "Não sei de onde viria esse mandado, sobre que factos, seria complicado dizer se saberia, porque enquanto desconhecendo esses dados, estaria a especular".

A possibilidade de haver um mandado de captura internacional sobre Armando Guebuza tem sido insistentemente veiculada nas redes sociais moçambicanas, havendo alguns sites que chegaram ao ponto de elaborar uma lista de possíveis alvos destes mandados de captura, cuja veracidade não foi confirmada, até ao momento, por nenhuma entidade oficial.

 A Lusa contactou o Departamento de Justiça norte-americano, equivalente ao Ministério da Justiça na generalidade dos países, pedindo mais informação sobre a existência de uma lista e sobre se foi emitido um mandado contra o antigo Presidente de Moçambique, que era chefe do Governo quando os empréstimos foram contraídos, mas não obteve resposta até ao momento.

Manuel Chang, a primeira de várias detenções

Questionado sobre se a detenção do antigo ministro das Finanças Manuel Chang na África do Sul, esta semana, pode ser a primeira de várias ou se é um caso isolado, Alexandre Chivale disse desconhecer os termos da detenção e não poder, por isso, responder. "O que sei é o mesmo que qualquer outro moçambicano, através dos meios de comunicação e das redes sociais, seria extremamente complicado estar a emitir opinião sobre como estes dados têm estado a ser noticiados", disse à Lusa.

Mosambik | ehemaliger Finanzminister Manuel Chang
Manuel Chang foi detido na África do Sul no dia 29 de dezembroFoto: picture-alliance/dpa

Manuel Chang foi detido na África do Sul no dia 29 de dezembro, quando tentava embarcar para o Dubai, na sequência de um pedido de extradição expedido pelas autoridades norte-americanas. A comunicação social moçambicana e estrangeira refere que o antigo governante, que é atualmente deputado da Assembleia da República, é acusado de conspiração para fraude eletrónica, conspiração para fraude com valores mobiliários e lavagem de dinheiro.

Chang foi ministro das Finanças de Moçambique durante o governo do Presidente Armando Guebuza, entre 2005 e 2010. Foi Chang que avalizou dívidas de mais de 2.000 milhões de dólares (1.760 milhões de euros) secretamente contraídas a favor da Ematum, da Proindicus e da MAM, empresas públicas ligadas à segurança marítima e pescas, entre 2013 e 2014.

A mobilização dos empréstimos foi organizada pelos bancos Credit Suisse e VTB. Uma auditoria internacional deu conta da falta de justificativos de mais de 500 milhões de dólares (440 milhões de euros) dos referidos empréstimos, sobrefaturação no fornecimento de bens e inviabilidade financeira das empresas beneficiárias do dinheiro.

As autoridades britânicas prenderam quinta-feira (03.01), em Londres, três antigos banqueiros do Credit Suisse envolvidos nos empréstimos a empresas públicas moçambicanas. Andrew Pearse, um antigo diretor do banco Credit Suisse, Surjan Singh, diretor no Credit Suisse Global Financing Group, e Detelina Subeva, vice-presidente deste grupo, enfrentam um pedido de extradição para os Estados Unidos, onde a Justiça investiga se os investidores foram deliberadamente enganados nos empréstimos a empresas públicas moçambicanas, no âmbito das chamadas dívidas ocultas.