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Fórum Económico chama investidores para a Guiné-Bissau

Darame,Braima1 de fevereiro de 2013

Em clima de instabilidade política, Bissau recebe investidores de vários países, este sábado (02.02), no primeiro Fórum Económico. Será uma plataforma de diálogo entre a sociedade civil e os sectores público e privado.

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O Fórum Económico é uma iniciativa do Instituto Benten, fundado pelo economista guineense Paulo Gomes, e de organizações da sociedade civil. O objetivo é iniciar um diálogo transversal e estratégico sobre o futuro económico da Guiné-Bissau.

Antigo administrador do Banco Mundial, Paulo Gomes, pretende assim impulsionar a economia de um país "com muita potencialidade". O economista elogia a biodiversidade da Guiné-Bissau assim como os "recursos humanos competentes".

A energia, a agricultura, as telecomunicações e a construção do porto em águas profundas em Buba (sul do país) são os projetos estruturantes que poderão interessar aos potenciais investidores, participantes no primeiro Fórum Económico de Bissau, segundo Paulo Gomes.
A capital guineense acolhe figuras do mundo económico e financeiro, como Jean-Louis Ekra, do grupo do Banco de Desenvolvimento Africano, os presidentes das bolsas de valores de Abidjan, na Costa do Marfim, da Nigéria, o diretor-geral do fundo soberano do Gabão, um gestor de fundos da bolsa de Nova Iorque, entre outros.

Turbulência interna

Apesar da frequente "turbulência política"e dos problemas sociais e económicos da Guiné-Bissau, Paulo Gomes acredita numa transformação: "não obstante os nossos desafios em matéria de estabilidade política e de segurança e com a nossa reputação, de um país que representa um eixo nos problemas de drogas da região, eu penso que é possível resolver os problemas e pensar nas melhores estratégias para a transformação da economia".

Segundo Paulo Gomes, a economia poderá servir como ponto de reconciliação "mesmo com a situação de risco político que se vive".
Para a imagem de país instável, que a Guiné-Bissau exporta para o mundo, contribuiu o golpe militar, que a 12 de abril de 2012 depôs o primeiro-ministro de transição, Carlos Gomes Júnior, e o Presidente interino, Raimundo Pereira.

O país atualmente é governado por autoridades de transição, sem o reconhecimento da generalidade da comunidade internacional, à exceção da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

As autoridades de transição previam, inicialmente, a realização de novas eleições em abril deste ano, um ano após o golpe de Estado, contudo foi já tornado público que a data não será cumprida.

"Há um futuro" para a Guiné-Bissau

O relançamento da economia da Guiné-Bissau não pode esperar pela solução prévia de todos os problemas políticos e militares, defende o economista, considerando que o desenvolvimento económico é uma urgência para fazer face à pobreza, às doenças, aos conflitos e à insegurança.
Com o Fórum Económico, o economista Paulo Gomes pretende enviar "um sinal à comunidade internacional, àqueles que se querem engajar com o país, de que há um futuro".

O primeiro Fórum Económico de Bissau tem como mote a interrogação "O que teria feito Amílcar Cabral?", pai da nacionalidade guineense, assassinado a 20 de janeiro de 1973.

Dinamizar uma economia frágil

A Guiné-Bissau depende fortemente de ajuda externa. Segundo o Instituto Benten, 55,2% da população vivia na pobreza, em 2012.
A economia guineense baseia-se, principalmente, na agricultura e na pesca, que representam cerca de 46% do Produto Interno Bruto (PIB), que em 2011 foi de cerca de 700 milhões de euros. Todavia, a Guiné-Bissau deverá registar um crescimento a curto e médio prazo, em média, de cerca de 6% entre 2011 e 2015, de acordo com dados do instituto liderado pelo economista Paulo Gomes.

A mortalidade infantil é elevada e a esperança média de vida ronda os 48 anos. Os níveis de ensino são muito baixos, apenas 48% dos alunos guineenses concluíram o ensino primário, e apenas 17% terminaram o ensino médio em 2006.

Grande parte da infraestrutura social continua subdesenvolvida, apenas 20% da população tem acesso à energia. Dos 4.380 quilómetros de estradas, apenas 10% são asfaltadas e as inundações fazem a maioria das estradas ficarem intransitáveis durante a estação chuvosa.

Autor: Braima Darame (Bissau)
Edição: Glória Sousa / António Rocha