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Fórum PALOP aborda violência armada em Cabo Delgado

Leonel Matias (Maputo)
27 de abril de 2021

Apesar da crise de segurança em Cabo Delgado, Presidente Nyusi sublinha que país goza de "estabilidade política" e que as instituições "estão a funcionar normalmente". Declarações foram feitas no âmbito do Fórum PALOP.

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Mosambik Filipe Nyusi
Foto: DW/A. Sebastião

Durante a conferência virtual dos chefes de Estado e de Governo do Fórum dos Países de Língua Oficial Portuguesa, PALOP, o Presidente moçambicano Filipe Nyusi sublinhou que um dos grandes desafios de Moçambique, neste momento, é a violência armada na província nortenha de Cabo Delgado, que está a causar mortes de inocentes e a deslocação forçada de pessoas.

"O recente ataque à vila de Palma, localizada na zona onde decorrem os projetos de exploração de gás, demonstra a dimensão do desafio que o país enfrenta na luta contra o terrorismo internacional", disse.

O ataque a Palma levou a multinacional Total a suspender a implementação do maior projeto de gás natural na bacia do Rovuma.

"Gostaria de indicar que, apesar de alguns focos de instabilidade criados pelo terrorismo, o país goza de estabilidade política e as instituições estão a funcionar normalmente", esclareceu, no entanto, o Presidente Filipe Nyusi.

Em Maputo não foi feita qualquer declaração à imprensa no final do encontro, aguardando-se a divulgação de um comunicado final.

Symbolbild Äquatorialguinea Flagge
Ficou aprovada a adesão da Guiné Equatorial como membro de pleno direito do Fórum PALOPFoto: Laurent Davoust/Zoonar/picture alliance

Aprovada adesão da Guiné Equatorial

No Fórum, sabe-se que - para além de apreciar a situação política, económica e social dos Estados-membros - foi aprovada a adesão da Guiné Equatorial como membro de pleno direito do Fórum PALOP e de Timor-Leste como observador.

Para o analista Tomás Vieira Mário, ouvido pela DW, a cooperação entre os PALOP é difícil, até porque os países estão bastante afastados em termos geográficos e enfrentam diversas crises económicas e sociais.

"É possível haver concertação entre eles, encontrar uma linguagem comum para os problemas comuns que enfrentam no plano internacional. Em particular, o que eu vejo como algum ponto imediato que podem concertar é uma linguagem comum de apoio a Moçambique [como membro] não permanente no Conselho de Segurança da ONU", esclareceu.

Envio de tropas dos PALOP

Segundo Tomás Vieira Mário, caso Moçambique consiga um assento como membro não permanente do Conselho de Segurança para o período 2023-2024, o país podia ser uma voz para todos os PALOP.

Mosambik | Rohstoffseminar: Tomás Vieira Mário - Forscher und Analyst
Tomás Vieira Mário, analistaFoto: DW

Mas o analista considera quase impossível um eventual envio de tropas dos PALOP para ajudar a combater o terrorismo em Cabo Delgado.

"Em princípio, penso que esta hipótese está afastada. O próprio Governo moçambicano já o referiu em várias ocasiões.  E ainda que fosse de colocar essa hipótese, não vejo qualquer destes países com capacidade para mandar para Moçambique tropas, porque implica que o país contribua para a manutenção das suas tropas para onde as envia, a menos que seja no quadro da ONU, [como] capacetes azuis, que não é o caso".

Tomás Vieira Mário admite que uma área a considerar é a troca de informações ao nível da inteligência militar, e não só.

"Em termos de formação das Forças Armadas, Angola, por exemplo, pode [estar] um passo acima de Moçambique e, nesse aspecto, pode ser um grande parceiro", reitera.

O Fórum PALOP reuniu os presidentes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial e realizou-se, de forma virtual, a partir de Luanda, sendo atualmente Angola que ocupa a liderança do Fórum PALOP.

Na próxima quinta-feira, (29.04), os chefes de Estado da Troika de países da SADC reúnem-se em Maputo para decidir sobre a ajuda da região austral de África no combate ao terrorismo.