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FAO: "Salvar vidas implica salvar a lavoura"

Rafael Belincanta (Roma)20 de julho de 2016

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) quer reforçar a cooperação com os países lusófonos para mitigar as consequências das alterações climáticas. Angola pede apoio técnico-financeiro.

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Foto: Estácio Valoi

A seca prolongada castiga os moçambicanos, que agora também se devem preparar para as cheias. O ciclo natural repete-se e é um dos maiores desafios para a agricultura. Por isso, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) quer reforçar a cooperação técnica com o país, assim como com os demais Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

"Salvar vidas também implica salvar a lavoura, a pecuária, os bens produtivos", diz o diretor da FAO, José Graziano da Silva.

A cooperação visa minimizar os efeitos das mudanças climáticas: "Vamos começar a preparar-nos para enfrentar também [o fenómeno climático] La Niña, que é o que se segue agora em agosto ao El Niño: Chuvas torrenciais onde houve seca. Infelizmente, esse é o panorama para o futuro - devemos esperar esse tipo de [fenómenos] cada vez mais."

Jose Graziano Da Silva Direktor FAO
José Graziano da Silva: "Vamos começar a preparar-nos para enfrentar La Niña"Foto: Getty Images/AFP/S. Kambou

O diretor da FAO encontrou-se, na terça-feira (19.07), com os embaixadores dos PALOP, na sede da organização, em Roma, a propósito dos 20 anos da fundação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Todos os membros estiveram representados, à exceção da Guiné-Bissau.

Moçambique promete transparência

Em Moçambique, além das causas naturais, a crise económica agrava ainda mais a situação de quem precisa de lutar para ter o que comer todos os dias. Além disso, episódios como o das chamadas "dívidas escondidas", contraídas pelo Governo entre 2013 e 2014, contribuíram para a redução da ajuda internacional.

"Realmente esse processo deveria ter passado pela Assembleia da República, mas não passou porque achou-se que era uma questão de segurança", afirma a embaixadora Maria Manuela Lucas, representante de Moçambique na FAO. "Íamos comprar barcos para fazer a supervisão da nossa costa […] mas também a área dos recursos minerais: não deixar que sejam navios de outros países a velar por essa área."

"Acho que o Governo já sabe que deve ir pela transparência em tudo o que faz em termos de gestão de fundos do Estado e também dos parceiros."

[No title]

Angola discute apoio técnico-financeiro com FAO

A crise económica também afeta Angola. E a desvalorização da moeda nacional angolana, o kwanza, devido à baixa do petróleo não se reflete em incentivos imediatos à produção local. Além disso, o preço dos alimentos varia todos os dias nos mercados do país. Por isso, "é preciso diversificar", lembra o embaixador de Angola em Itália.

"É uma realidade que hoje não se constata somente em Angola, mas em quase todos os países produtores de petróleo", diz Florêncio de Almeida. "Estamos a tentar encontrar mecanismos internos para poder reduzir essa crise que hoje nos assola. O nosso Governo está a pensar na diversificação da economia, onde a agricultura terá um espaço muito importante. E neste momento estamos a discutir com a FAO para que nos possa garantir assistência técnico-financeira para desenvolver projetos na perspetiva da cooperação triangular, que possa beneficiar projetos de desenvolvimento agrícola em Angola."