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Moçambique: Nyusi alerta para consequências de ataques

Bernardo Jequete (Chimoio)
7 de agosto de 2020

De visita a Manica, Presidente moçambicano reafirmou o compromisso com a paz definitiva. Ataques afetam a economia e retardam o desenvolvimento do país, diz chefe de Estado.

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Filipe Nyusi, Präsident von Mosambik (D. Anacleto)
Foto: DW

O alerta foi lançado pelo Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, numa deslocação a Chimoio, provincial central de Manica, na quinta-feira (06.08), um ano depois da assinatura do acordo de paz efetiva no país: as ações dos homens armados da autoproclamada Junta Militar da RENAMO na região têm  afetado a economia, além de retardarem o desenvolvimento sócioeconómico do país. 

Um exemplo concreto, aponta o chefe de Estado, é a educação: "Nove escolas do distrito de Gondola, com 4.283 alunos foram afetadas pelos ataques. 5 professores e 282 alunos. Também no vizinho distrito de Macate e em Sofala ficaram afetados 567 alunos  e 10 professores".

Um ano depois da assinatura do acordo de paz de Maputo, a região centro ainda é palco de ataques. "Os desafios que hoje enfrentamos têm que manter-nos firmes, fortes, corajosos no caminho da paz e reconciliação, sem quaisquer excitações nem pausas e muito menos sermos desencorajados e recuarmos", frisou Filipe Nyusi.

"Devemos, sim, continuar na nossa trajetória para o alcance do desejo de todos os moçambicanos, de viver livremente em paz".

Outra grande consequência dos recentes ataques nas vias públicas e comunidades, lembra por sua vez o académico Alberto Nota, são os deslocados internos, nomeadamente no distrito de Gondola. 

Moçambique ainda não vive uma paz efetiva e "é preciso identificar a causa, porque se não se tem a causa,  ou se não consegue identificar, nunca se pode resolver o problema duma maneira radical".

"O Governo tem de ter a capacidade de identificar a causa disto para encontrar uma solução", frisa o académico.

Deslocados dos ataques armados em Sofala

Deslocados aumentam em Gondola

No distrito de Gondola, o número de deslocados tem estado a aumentar devido às incursões dos homens armados que semeiam terror na região.

São cerca de 1.500 deslocados que fugiram das suas povoações, deixando tudo para trás. Etelvina Ambasse, administradora do distrito de Gondola, condena com veemência os ataques da Junta Militar e pede à população que esteja "vigilante" perante "esses homens que têm perpetuado essa situação macabra".

"É com ajuda da nossa população que também o Governo, junto sas autoridades, vai conseguir trabalhar de modo a estancar essa criminalidade", considera.

Segundo os deslocados de Gondola, além de torturarem a população, os homens armados têm incendiado as suas casas. Jeremias João foi uma das pessoas obrigadas a fugir da sua zona de residência: "Nós sofremos muito por causa dos bandidos que entraram nas nossas zonas. Todas as pessoas deixaram os seus carros para vir ficar aqui em Muda Serração, e agradecemos ao Governo que nos deu abrigo".

Instado a comentar os ataques em Gondola, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Manica, Mateus Mindú, disse que as Forças de Defesa e Segurança (FDS)estão no terreno para neutralizar os bandidos e rsponsabilizá-los pelos seus atos. 

"É notória a presença das Forças de Defesa e Segurança ao longo da Estrada Nacional 1 e 6, com vista a garantir a circulação de pessoas e bens e garantindo a ordem e segurança pública em todos locais susceptíveis de ataques de homens armados que têm vindo aterrorizar aquele canto do país", garantiu.

"Desta forma, garantimos que a segurança seja mantida não só nestas duas vias, mas também no distrito de Gondola no seu todo, que é apelidado como palco de ataques militares".

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