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Funcionários públicos da Guiné-Bissau terminam greve

Braima Darame (Bissau)
9 de maio de 2018

Foram três dias de paralisação quase total na função pública guineense para exigir reajustes salariais. Central sindical já pondera avançar com uma nova greve se não forem cumpridas as exigências dos trabalhadores.

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Hospital Nacional Simão Mendes foi uma das instituições afetadas pela greveFoto: Gilberto Fontes

A greve que terminou esta quarta-feira (09.05) foi convocada pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), a maior central sindical do país, e afetou vários serviços públicos, nomeadamente o setor hospitalar.

Nas primeiras horas de hoje, circulou nas redes sociais a imagem de um parto no chão, na varanda do Hospital Nacional Simão Mendes, devido à falta de atendimento médico por causa da greve.

Contactada pela DW África, a direção da unidade hospitalar disse que, por agora, não comenta a situação e que está a fazer o levantamento da situação no principal hospital do país.

"Só negociamos com o Governo"

O Presidente guineense, José Mário Vaz, manteve uma reunião com a comissão negocial do sindicato dos trabalhadores para tentar resolver a questão. À saída de encontro, o porta-voz da comissão negocial, Alves Té, disse que não é da competência do Presidente da República negociar a greve.

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"Ouvimos a preocupação do Presidente, entregamos-lhe os documentos, mas deixamos claro a José Mário Vaz que a questão da greve é assunto puramente do Executivo. Por isso, apenas negociamos com o Governo", frisou o porta-voz.

A maior central sindical pondera avançar com novas paralisações se não forem cumpridas as exigências dos trabalhadores. Alves Té disse que o ponto de divergência continua a ser aplicação de reajuste salarial e deu como exemplo a disparidade que existe na função pública.

"Um engenheiro agrónomo recebe num ministério 100 euros e, noutro ministério, um engenheiro com a mesma categoria recebe mensalmente o triplo, o que não pode continuar já que são todos os mesmos níveis académicos", defende. "Não estamos a pedir aumento salarial, mas sim reajustes salariais", explica o sindicalista.

O ordenado mínimo pago na função pública é de 29.500 francos CFA (cerca de 45 euros). Um saco de 50 quilos de arroz, base alimentar dos guineenses, custa cerca de 17.500 francos CFA (cerca de 26 euros). 

Momento "inoportuno" Confrontado com a situação da greve, o novo primeiro-ministro, Aristides Gomes, reconhece que a reivindicação é justa, mas alega que o momento não é oportuno.

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"Estamos a sair da crise, temos problemas da castanha de caju, a economia nacional está numa situação difícil, temos um Governo que está a trabalhar para organização das eleições legislativas sem meios, portanto, todos os parceiros sociais devem ser realistas nas exigências que fazem ao governo que tem principal missão organizar as eleições", pede o chefe do Governo.

Se as exigências dos trabalhadores não forem cumpridas em breve, a central sindical deverá entregar um novo pré-aviso de greve ao Governo nos próximos dias.

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