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Estudantes pedem publicação de nomes de professores que as a

Suuk Maxwell | Cristina Krippahl
29 de março de 2017

No Gana, estudantes universitárias estão a acusar os seus professores de as coagir a ter relações sexuais em troca de boas notas. Situação estende-se também ao mundo do trabalho.

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Ghana Statue von Mahatma Gandhi bei Universität von Accra
Foto de arquivo: Universidade em Acra (capital do Gana)Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Thompson

No Gana há um crescente movimento de protesto de alunas que acusam os seus professores a coagi-las a ter relações sexuais em troca de boas notas. As alunas estão a recorrer às redes sociais online para nomear os professores. Porque, dizem, não querem mais ficar caladas perante o abuso.

Starthilfe für Ghanas Start-ups
Universidade Cape CoastFoto: DW/G. Hilse

As estudantes das universidades no Gana exigem que as autoridades publiquem os nomes dos professores que a submetem a assédio sexual. E têm o apoio de muitos ganeses, que reivindicam punições mais severas para os abusadores. No entanto, os professores apontam o dedo às alunas, dizendo que a iniciativa parte delas.

Jasmine, tem 20 anos, e está há dois anos a estudar na Universidade de Tamale. Recentemente acusou um dos seus professores de assédio numa plataforma online. A jovem partilha quarto com Tamara, que passou por uma experiência semelhante. "Ele insistia e eu dava sempre desculpas, e ele dizia: podes encontrar-te comigo aqui, ou ali? E eu estava sempre a esquivar-me", conta.

Jasmine e Tamara não são os nomes verdadeiros das jovens, que pediram o anonimato. Mas a experiência não é única nem recente. É de conhecimento geral há muito tempo o que se passa nas universidades do país. A diferença é que agora as jovens começam a defender-se.

Há poucos dias, um grupo de alunas reuniu-se na Universidade do Gana para exigir a publicação do nome dos professores que as assediam. E a causa ganhou alguns apoiantes. E não só raparigas. Também há rapazes entre os estudantes preocupados com a prática do assédio. À DW, Amuzu David, estudante finalista na área da Educação, confirma já ter ouvido muitas histórias destas. "Até já vi vídeos online de professores a ter sexo com alunas, e é algo que rejeito", acrescenta.

Como são punidos estes professores?

No Gana, as universidades prevêem a rescisão do contrato de professores culpados de assédio. Aziz Mohammed é o responsável de Relações Públicas da Universidade de Tamale e confirma-o, afirmando que existe "a política sexual que diz que um professor não pode exigir sexo a um estudante em troca de notas”.Mas da teoria à prática vai uma grande distância. Há uns anos, quando um caso foi parar ao tribunal, este decidiu que a falta de provas concretas impedia o despedimento dos professores. Alguns docentes dizem-se vítimas de falsas acusações ou então do assédio por parte de alunas que querem melhorar as notas e tentam fazê-lo através do sexo. Segundo Paul Achonga Kaba, professor na Universidade de Tamale, é "provável que as más alunas, que não percebem a matéria, recorram à prática. O facto é que são adultas, mesmo que a prática seja inaceitável do ponto de vista ético".

2903 Assédio sexual Gana - MP3-Mono

Emprego dependente de "favores sexuais"

A prática é também comum  no mundo do trabalho. Nancy conta a sua própria história. Quando se candidatou a um emprego numa organização, o diretor geral ditou-lhe as condições, ao telefone, dias antes da entrevista. "Disse-me que só me dava o emprego se eu ficasse em Cape Coast como a sua amante. De outra forma não me dava o emprego", contou.

Nancy recusou e ficou três anos desempregada. E não é um caso único. Gifty Laary é apresentadora de rádio. À DW conta a história de uma amiga sua, que atualmente trabalha num banco, mas que, por ter recusado ter sexo com os seus potenciais patrões, ficou desempregada durante vários anos, o que fez com que a sua vida ficasse "miserável". "Houve um momento em que ela enviou uma candidatura para trabalhar num banco e ela confidenciou-me que, dessa vez, se eles pedissem sexo ela iria concordar, porque parecia que essa era a ordem do dia e que, se ela não o fizesse, não saberia quanto tempo iria demorar para arranjar emprego", conta. Felizmente para a amiga de Gifty, a vaga no trabalho no banco não requeria sexo em troca.

Talvez se mais mulheres se juntarem aos protestos nas redes sociais no Gana, o assédio tão descarado passe a ser muito mais difícil.