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Exames de ADN confirmaram morte de Augustin Bizimana

Reuters | AFP | cvt
23 de maio de 2020

Augustin Bizimana estava foragido há mais de 20 anos e era um dos principais acusados de crimes de guerra durante genocídio de 1994 no Ruanda. Organiações de sobreviventes lamentam que não tenha sido levado à justiça.

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Ruanda Gedenkstätte an Völkermord in Nyamata
Foto: Getty Images/AFP/S. Maina

Testes de ADN realizados em restos mortais encontrados numa cova em Ponta Negra, na República do Congo, identificaram tratar-se do antigo ministro da Defesa do Ruanda, Augustin Bizimana, confirmou o procurador do Mecanismo Internacional Residual para Tribunais Penais (MICT), tribunal de direitos humanos das Nações Unidas na sexta-feira (22.05).

Segundo Serge Brammertz, acredita-se que Augustin Bizimana - indiciado por 13 acusações, incluindo genocídio, homicídio e violação - teria morrido em 2000.

Na declaração, lê-se que a "confirmação da morte" foi o resultado de uma investigação exaustiva "que combinou tecnologia avançada com operações de campo extensivas e envolveu uma cooperação excepcional com autoridades parceiras no Ruanda, na República do Congo, nos Países Baixos e nos Estados Unidos".

"O tribunal verificou ainda provas adicionais relativas às circunstâncias da morte de Bizimana", acrescenta o comunicado.

"Bizimana foi alegadamente responsável pelos assassinatos do antigo primeiro-ministro Agathe Uwilingiyimana, dez capacetes azuis belgas das Nações Unidas e de civis Tutsi" em cinco regiões do Ruanda, descreveu Brammertz, numa declaração.

O anúncio da morte de Bizimana segue-se à detenção em Paris, na semana passada, de Felicien Kabuga, outro de um punhado de suspeitos proeminentes do genocídio ruandês que se encontram fogaridos há mais de duas décadas.

Ruanda Symbolbild Völkermord
Cemitério onde milhares de vítimas do genocídio estão enterradasFoto: picture-alliance/AP Photo/R. Mazalan

Justiça continua a tardar

"A principal lição da morte de Augustin Bizimana é que o mundo deve fazer justiça em tempo útil", disse Nathal Ahishakiye, secretário-executivo da Ibuka, uma organização de sobreviventes do genocídio.

"Os suspeitos devem ser levados à justiça antes das suas mortes, também para evitar que os sobreviventes morram antes de ouvirem os casos daqueles que mataram os seus entes queridos," acrescentou.

Em França, o chefe de uma associação de vítimas de genocídio disse que a notícia de que Bizimana tenha morrido sem ter sido levado à justiça foi uma "grande desilusão".

"O maior desejo dos sobreviventes é que os assassinos enfrentem a justiça", disse Alain Gauthier, fundador ddo Coletivo de Partes Civis para o Ruanda, organização que faz campanha para a acusação dos suspeitos de genocídio.

"Só a justiça lhes pode dar um pouco de conforto e, quando um líder de um genocídio é julgado, a sua honra é restituída", afirmou.

Gauthier lamentou ainda que a morte de Bizimana tenha privado os sobreviventes de pormenores essenciais do que terá acontecido.

"Se ele tivesse sido capturado vivo, podíamos ter aprendido coisas - é uma pena," concluiu.

Seis outros foragidos

O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda conduziu 50 julgamentos antes de fechar as suas portas em 2015. Brammertz é procurador num tribunal sucessor das Nações Unidas que continua a funcionar para os restantes suspeitos e recursos.

Brammertz disse que o seu gabinete continua a perseguir a Protais Mpiranya, o ex-comandante da Guarda Presidencial das Forças Armadas ruandesas, e cinco outros suspeitos ruandeses.

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