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Governo recusa comentar estratégia militar em Cabo Delgado

Leonel Matias (Maputo)
22 de abril de 2021

Primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário pede prudência quando se aborda publicamente as questões militares em Cabo Delgado. Oposição insiste em saber pormenores sobre alegada contratação de mercenários na região.

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Mosambik Maputo Parlament / Plenary session in Mozambik's Parliament
Foto: Leonel Matias

Os ataques de grupos jihadistas em Cabo Delgado, norte de Moçambique, continua a ser um tema quente e foi uma das questões que dominou a sessão de perguntas ao Governo no Parlamento esta quarta (21.04) e quinta-feira (22.04).

A oposição pretendia que o Governo divulgasse os valores envolvidos na alegada contratação de mercenários para apoiarem as forças governamentais no combate aos supostos jihadistas que atuam naquela província, onde se localiza uma das maiores reservas de gás natural do continente.

Mas o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, não respondeu à questão dos custos nem confirmou a presença de empresas privadas de segurança na região.

Mosambik Cabo Delgado Schiffbrüchige
Deslocados do conflito em Cabo DelgadoFoto: DW

"Questões de natureza militar, como sejam estratégias, táticas, logística e meios usados para o combate ao terrorismo são reservados às Forças de Defesa e Segurança (FDS)", começou por salvaguardar.

"É tendo em conta este facto que reiteramos o nosso apelo para uma maior compreensão de vossas excelências, senhores deputados, sobre a necessidade de mantermos prudência na abordagem deste tipo de matérias de carácter militar", frisou.

Assistência humanitária é a prioridade, diz FRELIMO

A bancada da FRELIMO, o partido no poder, também reprovou que a questão militar fosse abordada na sessão plenária. 

"Acho que é um absurdo virmos aqui levantar questões que têm a ver com as Forças de Defesa e Segurança, questões de guerra, são questões estratégicas... Aquele que tem sentimentos devia perceber que o país tem a segurança suficiente e a nós o que nos preocupa é a questão da assistência humanitária aos deslocados", disse Feliz Sílvia, porta-voz daquela força partidária.

Já a bancada parlamentar do MDM tem um entendimento diferente. "Penso que esta informação é essencial em nome da transparência, em nome da boa gestão da coisa pública, porque para o pagamento destes mercenários o dinheiro não provém de algum membro do Governo, mas sim do Orçamento do Estado", advertiu Fernando Bismarque, porta-voz daquela bancada.

Bismarque insistiu que, no mínimo, o assunto fosse abordado ao nível da Comissão Permanente ou da Comissão de Defesa e Segurança do Parlamento.

Notícias falsas 

Intervindo no final dos debates, o primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário reiterou que o combate aos grupos armados que atuam em Cabo Delgado constitui uma responsabilidade primária de todos os moçambicanos.

Cabo Delgado: traumas de guerra, sonhos de paz

Do Rosário alertou ainda para o surgimento de campanhas de desinformação, divulgação de notícias falsas, rumores e boatos que são veiculados através de diversas plataformas de comunicação sobre a guerra em Cabo Delgado.

Outra preocupação manifestada pelos deputados está relacionada com a situação dos deslocados. O primeiro-ministro disse que o Executivo vai continuar a garantir assistência humanitária àquela população, focado no desenvolvimento e recuperação económica.

A atual situação económica do país e as medidas em curso para travar a propagação da Covid-19 constituíram outros temas dominantes da sessão de perguntas ao Governo.

A bancada da FRELIMO mostrou-se satisfeita com as respostas, enquanto a oposição deu nota negativa. 

"Estamos perante um Governo falhado, esperávamos, com alguma sinceridade, que hoje na Assembleia da República, o Governo viesse com alguma humildade trazer respostas reais, dignas de realce, mas não foi desta vez", lamentou Arnaldo Chalaua, porta-voz da RENAMO.

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