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Camarões: Governo bloqueia internet para travar protestos

Moki Kindzeka | mm
27 de janeiro de 2017

O bloqueio dura há cerca de uma semana e paralisou comunicações, sobretudo nas redes sociais, e transações online de dinheiro e pagamentos. Medida afeta regiões anglófonas, onde cresce a contestação ao Governo camaronês.

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Symbolbild Afrika Medienentwicklung Digitale Medien
Foto: picture alliance/chromorange

Na avenida comercial de Bamenda, no noroeste do país, Ngoran Ephraim e sete trabalhadores, que gerem espaços fornecedores de serviços de internet aos estudantes e a investigadores, estão a ser afetados pela decisão de Yaoundé.

"É intolerável. Os estudantes não conseguem continuar o seu trabalho. Bancos e instituições financeiras que lidam com transações de dinheiro também tiveram de parar”, afirma Ngoran Ephraim, acrescentando que jovens ligados a este setor têm sido de forma progressiva demitidos. "É terrível", conclui.

Federalismo ou divisão do país

A internet tem sido fortemente usada como ferramenta de contacto para mobilizar as pessoas para os protestos da comunidade anglófona, que se diz discriminalizada pelos francófonos. A comunidade representa 20% dos cerca de 22 milhões de habitantes dos Camarões.

Weihnachten Kamerun
Vendedores de rua na capital camaronesa, YauondéFoto: Moki Kindzeka

A contestação intensificou-se em novembro. A ala moderada sugere o regresso ao federalismo e os mais radicais a divisão do país. Mas o Governo está contra qualquer uma destas opções. 

Há a informação que alguns líderes destes movimentos contestatários foram detidos e a atividade de duas organizações anglófonas foram também interditas.

Segundo o Executivo, a divulgação de falsas informações nas redes sociais pode resultar em pena de prisão.

O regulador da comunicação já ameaçou também com sanções os meios de comunicação social que divulguem discursos favoráveis ao separatismo ou federalismo.

Leis para cumprir

A ministra das telecomunicações do país, Libom Li Likeng, sublinha que há leis que regulam o uso da internet em países como a França e os Estados, mas nos Camarões as leis não estavam a ser aplicadas porque "os abusos eram marginais”.

Camarões-Internet - MP3-Mono

"Estamos a observar à propagação de falsas informações. Informamos que quando alguém lhe enviar uma mensagem e lhe pedir para partilhar, vai ter de justificar", afirma.

Para Libom Li Likeng, os camaroneses não podem depois dizer que não conhecem as regras.

Os atuais desafios dos Camarões levam a um recuo até ao período pre-independência do país. Os Camarões foram criados a partir de uma região colonizada pelos britânicos e de uma região gerida pelos franceses. O Governo, a educação e o sistema legal são dominados pela região francófona.