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EducaçãoMoçambique

Sexualidade em manual escolar causa polémica em Moçambique

15 de fevereiro de 2022

O Ministério da Educação de Moçambique retirou conteúdos acerca de "masturbação e orientação sexual" de manuais do 7.º ano. A decisão surgiu no seguimento de pesadas críticas que circularam nas redes sociais.

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Foto ilustrativaFoto: Simon Maina/AFP/Getty Images

Na semana passada, circularam nas redes sociais imagens de uma página do manual da 7ª classe onde eram abordados os temas da masturbação e orientação sexual. As duas passagens geraram polémica.

Após pressão social, o Ministério da Educação de Moçambique decidiu retirar de um manual de Ciências Naturais do 7.º ano conteúdos relacionados com "masturbação e orientação sexual".

O Ministério diz que o conteúdo servia para esclarecer dúvidas que vão surgindo na fase de crescimento das crianças. Mas muitos encarregados de educação queixaram-se de um "choque cultural", quando a questão da sexualidade é levada a crianças de 12 anos.

Pais falam em "choque cultural"

"Na Europa, uma criança de 12 ou 13 anos se calhar já está mais crescidinha, mas para o nosso contexto aqui... é um choque cultural e acho que se calhar resulta da importação de currículos", comenta um pai preocupado.

Gina Guibunda, porta-voz do Ministério da Educação, diz, no entanto, que falar sobre estas matérias na escola faz sentido. "Era, no nosso ponto de vista, uma forma de trazer ao de cima algumas questões, algumas dúvidas que vão surgindo nesta fase de crescimento", explica.

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A porta-voz diz que a questão da sexualidade em tenra idade deve ser abordada, até por causa do crescimento das plataformas digitais. "As crianças têm acesso aos telefones, à Internet, e elas por si só vão navegando em casa ou em qualquer outro lugar, e se calhar o professor está na sala de aula para tentar ajudar, para que eles percebam o que é recomendável e o que não é", defende.

Gervásio Correia, docente na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane, entende, ainda assim, que, falar sobre estes assuntos aos 12 anos é um dilema. "Porque é um tema sensível e merece ser tratado de uma maneira eclética e holística, porque pode ou não comprometer de alguma maneira aquilo que é a percepção das crianças nesta fase de crescimento e desenvolvimento", opina.

Temas são "inoportunos"

O professor universitário lembra que é preciso ter em conta "os valores morais e culturais" em cada região. E este não seria um momento oportuno para abordar o assunto, porque " mexe com determinados valores morais, de cada região, de cada povo, em função das exigências do momento".

Depois da pressão social, o Ministério da Educação decidiu retirar as passagens sobre masturbação e orientação sexual do livro de Ciências Naturais.

No entanto, a comunidade LGBT continua a ser alvo de discriminação no país. Abordar estas matérias é importante para evitar o "bullying" em função da orientação sexual, diz a porta-voz do Ministério, Gina Guibunda, "ainda que haja alguma diferença, não deve ser alvo de bullying".

"É uma forma de também podermos preparar esta criança para saber lidar com outra. Aliás, uma das nossas premissas é saber ser, saber estar, saber conviver uns com os outros independentemente das suas diferenças", explica.

Nesse sentido, Gina Guibunda destaca o papel dos pais e encarregados de educação na abordagem destas matérias e diz que "se um pai acha que a matéria está a ser abordada de uma maneira muito forte, deve procurar fazer abordar a questão de outra maneira".

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