1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Guiné-Bissau: MNE questiona refúgio de Aristides Gomes

kg | Lusa
16 de janeiro de 2021

A chefe da diplomacia guineense, Suzi Barbosa, afirma que o país é pacífico e justifica que nenhum político foi perseguido na Guiné-Bissau. Ministra dos Negócios Estrangeiros reitera ainda que é militante do PAIGC.

https://p.dw.com/p/3o1Qi
ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa
Foto: DW/Braima Darame

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa, diz não entender o motivo de o antigo primeiro-ministro guineense Aristides Gomes estar refugiado na ONU. Em entrevista à agência de notícias Lusa, a chefe da diplomacia guineense disse ainda que é militante do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

"Não entendo o porquê de ele ter decidido ir para a UNIOGBIS", disse, referindo-se às instalações do Gabinete Integrado da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, que terminou a sua missão política a 31 de dezembro.

A ministra acrescentou que a situação de Aristides Gomes é do "foro judicial" e que preferia manter-se à margem do assunto. "Houve muita situação, realmente, na altura de dúvidas, mas todos os políticos que estiveram no anterior Governo estão livres. Ninguém foi perseguido ou ninguém está preso", disse.

"Não cheguei a entender o porquê, porque não tive a oportunidade de falar também com o ex-primeiro-ministro, o que eu continuo a dizer é que a Guiné-Bissau, como bem todos sabemos, é um país pacífico onde não há violência nem criminalidade", afirmou.

Suzi Barbosa fazia parte do Governo do primeiro-ministro Aristides Gomes, formado na sequência das legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e demitido pelo atual chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, após ter tomado posse.

Críticas

Após a demissão do Governo, a chefe da diplomacia guineense acompanhou Umaro Sissoco Embaló numa visita à Nigéria, tendo sido alvo de críticas pela sua opção e numa altura em que o seu partido tinha apresentado um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, alegando irregularidades nas presidenciais que deram a vitória ao atual Presidente.

Aristides Gomes, ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau
Aristides Gomes encontra-se refugiado nas instalações da ONU, em Bissau, desde fevereiroFoto: DW/B. Darame

"Eu vou ser muito sincera, eu sou do PAIGC sim, continuo a ser, porque a opção política é minha. Eu decidi ser do partido PAIGC e continuo a sê-lo, porque não saí, nem fui expulsa", sublinhou.

"Eu entendi que em determinado momento da vida eu tinha de optar entre a posição do meu partido e o facto de eu ser guineense e o que era melhor para a Guiné-Bissau. E eu pus a Guiné-Bissau em primeiro lugar", justificou.

"Eu não tive nenhuma dúvida desde o início e eu optei por apoiar realmente quem ganhou as eleições e o tempo veio provar que eu tinha razão. O atual Presidente tinha ganho as eleições apesar do candidato do meu partido ter perdido. Eu não deixo de ser guineense e, como guineense, eu quero contribuir para o desenvolvimento do meu país independentemente de estar ou não no Governo do meu partido."

Questionada sobre o facto de o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, estar quase há um ano em Portugal, Suzi Barbosa afirmou que a "presença de qualquer líder no campo é fundamental". "Qualquer partido político precisa da presença do seu líder, porque a política não se faz à distância, faz-se no terreno e daí eu considerar que é importante a presença dele e de qualquer outro líder no país para poder fazer política ativa", salientou.

Guiné-Bissau: Que lições tirar das últimas presidenciais?