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Guiné Equatorial e Camarões separados por um muro

8 de agosto de 2019

A medida é contra a livre circulação de pessoas e bens na região aprovada, em 2017, pelos seis países membros da África Central, da qual também fazem parte os Camarões e a Guiné Equatorial, dizem fontes locais.

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Karte Äquatorialguinea POR

A Guiné Equatorial está a planear construir um muro na fronteira com os Camarões. O alerta foi dado pelo exército camaronês que garante que militares do país vizinho invadiram a cidade de Kyé Ossi, na fronteira, e colocaram marcos em várias terras, estendendo assim o seu território para além da fronteira estipulada atualmente. 

Segundo a imprensa camaronesa, o chefe do exército do país visitou, recentemente, o local para se inteirar do sucedido e garantiu, na altura, que os Camarões "não vão tolerar qualquer intrusão ilegal no seu território".

"Os camaroneses estão muito irritados porque eles olham para a Guiné Equatorial como um possível destino de negócios”, dizem fontes locais. 

Destino preferencial dos camaroneses

A Guiné Equatorial é para juventude camaronesa o destino preferencial para arranjar emprego, por isso "há muitos camaroneses que acham que lá poderão ter emprego”, notam os analistas.

Guiné Equatorial projeta erguer um muro na fronteira com Camarões

Uma jovem camaronesa ouvida pela DW África destaca o facto do país vizinho estar a registar um bom crescimento económico, e prevê que a construção do muro pode retardar a economia dos dois países.

"Há muitos camaroneses que fazem negócios na Guiné Equatorial. E [com esta medida] tornar-se-ia difícil para a importação de mercadorias”.

Várias fontes dão conta de que a Guiné Equatorial acusa os Camarões de deixarem entrar ilegalmente no seu território cidadãos da África Ocidental e que pode ser este o motivo por detrás da construção deste muro. O Governo de Yaoundé ainda não respondeu as acusações das autoridades de Malabo.

"Mancha" diplomática entre os dois países

Analistas não têm dúvidas que a medida "afetará as relações diplomáticas entre os dois países” e lembram que, para além disso, vai contra a livre circulação de pessoas e bens na região aprovada, em 2017, pelos seis países membros da África Central, da qual também fazem parte os Camarões e a Guiné Equatorial.

"É uma mancha no acordo, porque este acordo visa a melhoria das economias da região, sendo uma das medidas para tal a livre circulação de pessoas e bens. E se a Guiné Equatorial recusar [essa live circulação], não vai ser fácil. Vai afetar o comércio”, dizem analistas.

Confrontado pela agência AFP acerca dos seus planos, o governo de Malabo não quis pronunciar-se. No entanto, alguns moradores das cidades equato-guineenses localizadas na fronteira confirmaram a AFP que foram informados sobre a construção do muro.

A Guiné Equatorial, governada por Teodoro Obiang desde 1979, tem estado particularmente vigilante nesta fronteira, pois foi aqui que cerca de 30 homens armados foram presos e acusados de tentativa de golpe de Estado contra o regime de Malabo no final de dezembro de 2017. Um incidente que levou a Guiné Equatorial a encerrar a sua fronteira com os Camarões durante seis meses.