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Bissau: Forças Armadas afastam "qualquer cenário de golpe"

Lusa | tm
30 de maio de 2019

Chefe das Forças Armadas guineenses, Biaguê Na Ntan, afasta cenário de um golpe de Estado no país, contrariando rumores. Entretanto, líder do PAIGC faz ultimato a Presidente

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Forças Armadas guineenses (Foto de arquivo)Foto: DW/B. Darame

O chefe do Estado-maior General das Forças Armadas guineenses, Biaguê Na Ntan, afastou esta quinta-feira (30.5) "qualquer cenário de um golpe de Estado" no país, contrariando rumores que circulavam nos últimos dias.

"O povo da Guiné-Bissau pode dormir tranquilo, sem ameaças de golpes, sem ameaças de nada", disse o general Na Ntan em Bissau, durante declarações aos jornalistas no final de uma reunião com as chefias das Forças Armadas.

Fora do "jogo político"

O dirigente militar afirmou ter transmitido aos presentes na reunião, que decorreu no Quartel General, com a presença de cerca de três centenas de oficiais, que as Forças Armadas "não estão interessadas que haja conflito" no país.

"Estamos em paz e assim vamos continuar, em segurança, ajudando o povo, sempre, para que durma tranquilo", observou Biaguê Na Ntan, que disse ainda não sentir "nenhum perigo iminente" no país.

Guinea-Bissau Wahlen
Apoiante do PAIGC durante as eleições presidenciais de 2009Foto: picture-alliance/dpa/M. Cruz

Expressando-se em crioulo, o responsável militar afirmou ter sido assumido "de forma unânime" na reunião que as Forças Armadas "não vão entrar em nenhum jogo político".

"Não queremos qualquer aproximação dos políticos. Que fiquem longe de nós", sublinhou Na Ntan.

O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) venceu as eleições legislativas de 10 de março sem maioria - conseguindo eleger 47 deputados - mas fez um acordo de incidência parlamentar com a União para a Mudança, Partido da Nova Democracia e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau. Juntos, representam 54 dos 102 deputados do parlamento guineense.

Contudo, quase três meses depois das eleições legislativas, o Presidente guineense, José Mário Vaz, ainda não designou o primeiro-ministro, o que permitirá a formação do Governo, alegando desacordo para a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP).

Líder do PAIGC faz ultimato

Esta quinta-feira, o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira (também antigo primeiro-ministro guineense, demitido em 2015 pelo Presidente) disse haver uma "correspondência interna onde a CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] reconhece que em relação à mesa da Assembleia Nacional Popular não houve violação de nenhum dispositivo legal". 

Guinea-Bissau Wahlen - Präsident Jose Mario Vaz
Presidente guineense, José Mário VazFoto: Getty Images/AFP/Seyllou

O líder do PAIGC avisou ainda, numa entrevista à agência de notícias Lusa, que o Presidente guineense perde a legitimidade do cargo se, até 23 de junho, não nomear o Governo e marcar eleições presidenciais.  

 "Chegado a 23 de junho [data final do mandato presidencial] sem que o Presidente da República por vontade própria, não é por ter estado impedido de o fazer, não tiver nomeado o primeiro-ministro, não tiver eventualmente fixado as eleições presidenciais e não tiver permitido o desbloqueamento e funcionamento das instituições políticas, a leitura política que faço é que o Presidente da República perde qualquer capacidade de continuar a ser Presidente da República e primeiro magistrado", disse Domingos Simões Pereira, salientando que a legitimidade passa a ser da Assembleia Nacional Popular, a cuja mesa o PAIGC preside. 

"O Presidente da República já está a violentar este país, já está a abusar deste país, já está a obrigar ao conflito entre guineenses, não é quem o chama à razão que está a provocar a violência, nós estamos a tentar evitar a violência, quem está a querer provocar a violência e o uso de outros mecanismos é o senhor Presidente da República. Ainda tem semanas para evitar isso e é esse apelo que eu lhe faço que evite colocar a Nação guineense, os cidadãos guineenses, numa situação que ninguém pretende", afirmou, na entrevista à Lusa, Domingos Simões Pereira. 

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