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Guiné-Bissau: Procurador acusa PAIGC de "ignomínias"

Lusa
22 de dezembro de 2020

Para o procurador-geral da República da Guiné-Bissau, Fernando Gomes, a intenção do partido PAIGC é afastar a atenção do mandado de captura internacional contra Domingos Simões Pereira.

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Guinea-Bissau | Generalstaatsanwalt Fernando Gomes
Foto: Braima Darame/DW

O procurador-geral da República da Guiné-Bissau, Fernando Gomes, acusou esta terça feira, (22.12), o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de arquitetar "ignomínias" por "medo e desorientação", e anunciou que vai deixar de ser militante do partido. 

Numa carta aberta enviada ao conselho de jurisdição do PAIGC e referindo-se a acusações de que terá estado alegadamente envolvido na morte de uma pessoa e no desvio de fundos, Fernando Gomes afirma que se trata de "puras ignomínias arquitetadas por medo, desorientação e maquiavelismo por quem pretende afastar a atenção" do mandado de captura internacional contra Domingos Simões Pereira (DSP), líder do partido. 

"Mas, mais estranho e preocupante, designadamente para a democracia, é o facto de eu ter deixado o cargo de ministro da Função Pública, em agosto de 2011, e o de ministro do Interior, em abril de 2012, e nunca o PAIGC ter manifestado qualquer desconfiança, nem qualquer acusação em relação ao meu desempenho no Governo, nem ter promovido qualquer processo disciplinar contra mim", pode ler-se na carta. 

Fernando Gomes aponta incongruências do partido

Fernando Gomes questiona também a razão pela qual a direção do PAIGC o acusa agora de dois crimes tendo-o designado delegado do congresso do partido, realizado em 2018.

Guinea-Bissau Wahlen
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cruz

 "Será que já estava consciente de que eu era criminoso e corrupto quando me acolheu nas suas fileiras?", questiona Fernando Gomes, na carta.

O procurador-geral da República salienta também que se o PAIGC sabia que ele era "criminoso" e "corrupto" deve explicar as razões pelas quais se manteve em silêncio nos últimos oito anos, se é prática do partido "calar e encobrir crimes cometidos pelos seus militantes" ou "fundamentar por que está a mentir e a mando de quem".

"Estranha coincidência esta de a atual direção do PAIGC só agora, quando foi emitido o mandado de captura internacional contra Domingos Simões Pereira, ter-se lembrado de me acusar como criminoso e corrupto", sublinha Fernando Gomes.

PGR admite recorrer à via judicial

Admitindo a possibilidade de recorrer à via judicial para defender a sua "honra" e "bom-nome", Fernando Gomes anunciou também que vai renunciar como militante do partido, por não reconhecer a atual direção e "sobretudo ao seu atual líder, idoneidade, sentido de responsabilidade, de justiça e de serviço público".

O procurador-geral da República guineense anunciou na sexta-feira, (18.12), ter emitido um mandado de captura internacional contra Domingos Simões Pereira no âmbito de um processo-crime, sem avançar mais pormenores.

O grupo parlamentar do PAIGC pediu esta terça-feira (22.12) a demissão de Fernando Gomes para responder por alegados "crimes de sangue" e de "desvio de fundos".

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