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Sissoco pede unidade aos guineenses em prol da estabilidade

Lusa
16 de novembro de 2021

O Presidente guineense frisou, esta terça-feira (16.11), que "período longo e difícil" da história do país terminou com a sua tomada de posse. Sissoco diz também que reforma do Estado é "consensual" entre os partidos.

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Paris | Guinea-Bissau's Präsident Umaro Sissoco Embalo
Foto: AFP

O Presidente da Guiné-Bissau Umaro Sissoco Embaló pediu, esta terça-feira (16.11), a unidade dos guineenses para concretizar o "desígnio nacional" de estabilidade e desenvolvimento do país.  

"Juntos, vamos fortalecer o Estado de Direito Democrático, estabilizar as nossas instituições políticas e desenvolver economicamente o nosso país, base sobre a qual o progresso social se constrói e se sustenta", afirmou o chefe de Estado, esta terça-feira (16.11), durante a cerimónia de comemoração de mais um aniversário das Forças Armadas guineenses e de celebração do dia da independência, que se assinalou em 24 de setembro, mas que Sissoco Embaló decidiu adiar por se encontrar em Nova Iorque, a participar na Assembleia-Geral das Nações Unidas. 

A celebração do dia da independência surge numa altura de tensão no país. Umaro Sissoco Embaló agendou, para esta quarta-feira (17.11), um Conselho de Estado sobre a atual situação política.

"Para a concretização desse verdadeiro desígnio nacional, todos os guineenses - os residentes e os que vivem e trabalham no estrangeiro -, todos eles, sem exceção, são chamados a participar. Como Presidente de todos os guineenses contem comigo, e eu conto com cada um de vós", afirmou Sissoco Embaló

Präsident von Guinea-Bissau, Umaro Sissoco Embaló
Umaro Sissoco Embaló agendou, para esta quarta-feira (17.11), um Conselho de Estado.Foto: Presidency of Guinea-Bissau

O chefe de Estado lembrou também a juventude guineense "sacrificada" a quem enviou um abraço de "solidariedade" de "cumplicidade", salientando que o seu futuro tem de ser melhor do que foi nas "quase cinco décadas" da independência nacional. 

"Promessas falhadas"

"Muitas das promessas da independência, que acompanharam a minha geração, ficaram por concretizar. Limitadas oportunidades de formação, desemprego persistente, a dura experiência de frustração, de pobreza marcaram muito a minha geração", afirmou o Presidente. 

Segundo chefe de Estado, a Guiné-Bissau perdeu quase metade dos anos de independência mergulhada em "crises políticas" que provocaram "impactos negativos nas instituições políticas e na vida económica" do país com "reflexos sociais graves". 

"Foi um período longo e difícil que, só ficou encerrado pouco depois da realização das eleições presidenciais e da minha tomada de posse, no início de 2020. Desde então, a Guiné-Bissau soube recuperar plenamente as suas responsabilidades soberanas no concerto das nações", sublinhou.

Na mesma ocasião, Sissoco Embaló afirmou que a exigência de reforma do Estado é "consensual entre as forças políticas nacionais".

Veja imagens da visita de Umaro Sissoco Embaló a Bruxelas

"A exigência de uma agenda de reforma do Estado tornou-se consensual entre as forças políticas nacionais. É uma necessidade que também os nossos parceiros da comunidade internacional reconhecem e até se disponibilizaram a cooperar connosco na conceção e implementação dessa agenda de reformas estruturantes", disse o chefe de Estado.   

"De crise política em crise política, a estrutura da nossa economia nacional cristalizou-se num modelo de crescimento assente numa quase monocultura da castanha de caju. Com uma diversificação pouco significativa e transformação local quase nula, o modelo vigente parece claramente esgotado", frisou o chefe de Estado, defendendo que o atual modelo económico "dificilmente poderá viabilizar a construção de um estado social", referindo-se às possibilidades de financiamento para desenvolver setores como a educação e a saúde, proteger a população mais desfavorecida e combater a pobreza. 

"Aqui reside - na estrutura económica do nosso país - as causas mais profundas, objetivas, da instabilidade que abala particularmente os setores do Estado socialmente mais significativos", disse.

Lembrando alguns progressos alcançados desde 2020, nomeadamente regularização do pagamento de salários a funcionários públicos, melhoramento de algumas infraestruturas e de alguns serviços de saúde e no fornecimento de água e luz, o Presidente considerou, contudo, que ainda falta um longo caminho a percorrer. 

Guinea-Bissau Bissau | Proteste
País tem sido palco de múltiplas greves nos últimos anosFoto: Braima Darame/DW

"Mas, temos plena consciência de que, face aos graves e persistentes problemas económicos e sociais acumulados, há ainda um longo caminho a percorrer. É um caminho que só pode resultar em benefício geral se formos capazes de preservar a paz social por via do diálogo e da concertação entre todas as partes interessadas", salientou. 

Presidentes da Libéria e Senegal visitam Bissau

Participaram na cerimónia desta terça-feira (16.11), no estádio nacional 24 de Setembro, os presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Libéria, George Weah, e representantes governamentais de vários países da sub-região. 

Presentes estiveram também o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, e o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas de Portugal, almirante Silva Ribeiro, que paralelamente estão a realizar visitas oficiais ao país. 

"Tal como em 1973, hoje, esta Guiné-Bissau de 2021, também é uma promessa de paz, de concórdia nacional e de progresso social. Aprendemos com as lições do passado. E contamos, hoje, como ontem, com a solidariedade dos países irmãos e de toda a comunidade internacional para consolidarmos este ciclo político novo, de esperança renovada num futuro melhor", disse o chefe de Estado, que acrescentou que, desde que tomou posse, muitas "figuras ilustres" visitaram a Guiné-Bissau e a política externa ganhou um "dinamismo" que contribuiu para "elevar a autoestima nacional e abrir postas à cooperação internacional". 

"Os resultados nem sempre têm de ser imediatos, mas eles, de certeza, virão para o bem do nosso país", disse.

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