1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Imprensa alemã destaca Nigéria, Lampedusa e Prémio Mo Ibrahim

Madalena Sampaio18 de outubro de 2013

O assassinato de presos na Nigéria, o mais recente naufrágio ao largo de Lampedusa e o prémio que distingue a boa governação em África estão entre os temas “africanos” comentados esta semana em jornais em alemão.

https://p.dw.com/p/1A24h
Themenbild Presseschau
PresseschauFoto: Fotolia

A Amnistia Internacional (AI) acusou as forças de segurança nigerianas de maltratar prisioneiros suspeitos de estarem ligados ao grupo radical Boko Haram, contra o qual mantém uma ampla ofensiva desde maio de 2013, noticia o Neue Zürcher Zeitung.

De acordo com um relatório publicado em Londres pela organização de defesa dos direitos humanos, os detidos passaram fome, foram sufocados ou até mesmo executados sem condenação judicial. Alguns ficaram gravemente feridos e morreram por falta de atendimento médico.

A AI cita informação de um alto comando do Exército nigeriano que indica que “mais de 950 pessoas morreram sob custódia militar apenas nos primeiros seis meses de 2013". A organização pediu já uma “investigação urgente” sobre o caso.

Nova tragédia em Lampedusa

As repetidas tragédias da imigração ilegal africana continuam em destaque nos jornais alemães. Esta semana voltaram a dar atenção ao mais recente naufrágio ao largo da ilha italiana de Lampedusa, que resultou em dezenas de mortos.

Imprensa alemã destaca Nigéria, Lampedusa e Prémio Mo Ibrahim

Die Tageszeitung escreve que o novo drama no Mediterrâneo voltou a causar indignação entre os políticos. Indignação que o jornal classifica como “cínica”. Os líderes europeus curvam-se perante os mortos em Lampedusa, mas não perante os sobreviventes que continuam em situação ilegal, escreve.

Segundo o jornal, a Europa continua a financiar as forças de manutenção de paz da ONU em zonas de conflito em África, para “proteger a população civil”, mas ninguém protege os civis no Mediterrâneo. Die Tageszeitung sublinha que este não é um problema unicamente europeu e questiona-se sobre quando irão os governos africanos finalmente tomar medidas fortes para proteger os seus cidadãos no exterior.

O Berliner Zeitung apela aos europeus para que olhem de outra forma para África, que é visto muitas vezes como um continente perdido. "Tendo por hábito considerar a permeabilidade das fronteiras externas europeias como um fardo, privamo-nos da riqueza cultural e social que poderia ser trocada com os Estados africanos", lê-se no jornal.

UA apoia Kenyatta

A União Africana (UA) decidiu solicitar ao Conselho de Segurança da ONU a suspensão, por “razões de segurança”, dos processos contra o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, e o seu vice-presidente, William Ruto, destaca o Tagesspiegel de Berlim.

Uhuru Kenyatta Ansprache Rede
O Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, é acusado pelo TPI de crimes contra a humanidadeFoto: John Muchucha/AFP/Getty Images

Segundo o jornal, o chefe de Estado queniano vê, assim, aumentar as possibilidades de escapar do julgamento no Tribunal Penal Internacional (TPI). Kenyatta foi intimado a comparecer em Haia em 12 de novembro para responder a acusações de crimes contra a humanidade.

O jornal acrescenta que a ofensiva diplomática lançada por Kenyatta desde a sua investidura em marco começa a ter efeitos junto dos ocidentais. De acordo com a imprensa britânica, a Grã-Bretanha e a França preparam uma resolução nesse sentido.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas pode decidir a suspensão do processo no TPI se tal for necessário para a manutenção “da paz e da segurança no mundo”. Depois do ataque terrorista em finais de setembro contra o centro comercial Westgate, em Nairobi, que deixou pelo menos 67 mortos, este argumento parece encontrar mais eco que nunca entre diplomatas ocidentais.

Prémio Mo Ibrahim sem vencedor

Pelo segundo ano consecutivo, o Prémio Mo Ibrahim voltou a não ser atribuído. Após analisar os candidatos elegíveis, o júri não atribuiu o prémio que distingue a boa governação em África por considerar que nenhum ex-chefe de Estado africano teve um "bom desempenho".

Pressekonferenz der Mo Ibrahim Stiftung am 14. Oktober 2013
O milionário sudanês Mo Ibrahim criou em 2006 a fundação que atribui o prémio de boa governação a um ex-líder africanoFoto: Mo Ibrahim Foundation

Além de terem conseguido os seus cargos de forma democrática, exige-se que durante os seus mandatos os candidatos tenham assegurado o bem-estar do seu povo de forma excepcional e abandonado voluntariamente o poder. Algo que restringe muito o círculo de aspirantes, escreve o Berliner Zeitung.

Quem recebe o prémio da Fundação Mo Ibrahim - homónima do milionário sudanês que a criou em 2006 - deixa de ter preocupações financeiras para o resto da sua vida, lembra ainda o jornal. O prémio tem o valor total de 3,85 milhões de euros, pago ao longo de dez anos, além de uma atribuição anual vitalícia de 154 mil euros.

Segundo o jornal, um dos objetivos do fundador do prémio era contrariar a impressão de que não há bons líderes no continente africano. Para o Berliner Zeitung, a não atribuição do prémio é “a pior publicidade que se pode imaginar”. Na África do Sul já surgiu a ideia de atribuir o prémio não a antigos presidentes, mas a líderes de organizações não governamentais.