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Imprensa alemã destaca tensão em Moçambique e vitória contra M23

Da Rocha Alves Sampaio, Maria Madalena8 de novembro de 2013

A vitória "histórica" do Exército da República Democrática do Congo contra os rebeldes do M23 foi o "tema africano" mais comentado esta semana nos jornais em língua alemã. A atual tensão em Moçambique também foi notícia.

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Desde início de outubro, elementos da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e tropas governamentais confrontam-se no centro de Moçambique, bastião do principal partido da oposição moçambicana, lembra o diário Neues Deutschland.

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, acusou a RENAMO de ter começado com os combates. Esses confrontos, acrescenta o jornal, desenrolam-se sob pano de fundo da crescente marginalização política da RENAMO.

O maior partido da oposição tem vindo a perder terreno nas eleições desde 1992 e atualmente corre o risco de "descer" para a terceira posição e ser ultrapassado pelo novo partido da oposição, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que já ganhou a presidência da Câmara Municipal da Beira, a segunda cidade do país.

Para a RENAMO, a perda de peso político faz-se também sentir em termos económicos, prossegue o jornal alemão, acrescentando que está a chegar ao país muito dinheiro proveniente dos investimentos efetuados na exploração de gás e carvão.

O Neues Deutschland escreve ainda que muitos responsáveis da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder, aproveitam-se desse grande fluxo de investimentos. A RENAMO e os seus apoiantes sentem-se excluídos e exigem um mínimo de representação política, inclusive após as eleições autárquicasprevistas para o próximo dia 20 de novembro.

"Vitória histórica" contra M23

A derrota dos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) pelas Forças Armadas da República Democrática do Congo (RDC) continua a alimentar a maior parte dos artigos sobre África na imprensa alemã.

"A vitória" ou "O fim de um exército rebelde" são dois exemplos de títulos encontrados nos jornais. Esta vitória, concordam alguns analistas, só foi possível graças à combinação de dois factores: a reestruturação do exército congolês e o apoio da brigada de intervenção rápida criada no âmbito da MONUSCO, a Missão da ONU na RDC. Falar de uma "vitória histórica" não é um exagero, considera o Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Pela primeira vez em mais de 20 anos, as Forças Armadas congolesas foram capazes de derrotar um grupo rebelde. O jornal aponta duas consequências que agora surgirão: por um lado, o Governo não terá de concluir um "acordo de paz " em troca de privilégios e posições lucrativas oferecidas aos rebeldes - pelo menos até à próxima guerra. Por outro lado, a firmeza apresentada contra o M23 provavelmente será uma lição para outros grupos.

Entre as razões para a rendição do M23, jornais como Die Welt referem que a pressão diplomática sobre o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, foi enorme. Agora, segundo o jornal, o governo congolês deve lutar com a mesma intensidade contra as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), os rebeldes hutus ruandeses presentes no leste da RDC.

E para que o atual sucesso se transforme numa oportunidade de longo prazo para a região será preciso que a minoria tutsi do Congo consiga uma representação política institucionalizada, conclui Die Welt.

Julgamento de Mubarak no Egito

No Egito, começou na última segunda-feira o processo do Presidente deposto Mohamed Morsi por incitação à violência.

Este julgamento decorreu apenas durante uma hora e foi já marcada uma nova data - 8 de Janeiro - para ser retomado.

Para o Frankfurter Allgemeine Zeitung, este processo é um teste para os dirigentes egípcios reunidos à volta do chefe do Exército, Abdel Fattah al-Sisi. Qualquer que seja a opinião que se possa ter de Morsi, ele tem direito a um processo justo e transparente, defende o periódico. Se tal não for o caso, então a credibilidade dos novos dirigentes diminuirá ainda mais, acrescenta.

Mas para a legitimidade do novo regime, destaca também o Süddeutsche Zeitung, será necessário mais do que um processo justo, uma vez que o veredicto já está decidido. Além de juízes imparciais, escreve ainda o jornal, também é necessário que se realizem eleições livres no Egito.