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Imprensa alemã critica farsa chamada "referendo" na Guiné Equatorial

18 de novembro de 2011

Oposição queixa-se de nova constituição desejada por Obiang. Papa rezará por justiça e paz no Benim. Processo de suspeitos de ataques no Uganda durante final do Mundial 2010. São estes os temas desta revista de imprensa.

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As intenções de Teodoro Obiang (foto) quanto à nova constituição continuam incertas
As intenções de Teodoro Obiang (foto) quanto à nova constituição continuam incertasFoto: AP

O "sim" ao referendo que prevê uma reforma constitucional na Guiné Equatorial foi anunciado na televisão estatal pelo Ministro do Interior do país, Clemente Engonga Nguema Onguene: 97% da população votaram a favor da nova constituição, ou, segundo o Neue Zürcher Zeitung, um jornal suíço de língua alemã que se publica em Zurique, "a mais recente tentativa do regime de mascarar o estado ditatorial com reformas". No diário é citado o receio da oposição de que o presidente Obiang "pretenda entregar o novo posto de Vice-Presidente ao seu filho, atualmente Ministro da Agricultura do país, e, assim, criar uma dinastia familiar".

A nova Constituição, assim classifica o Neue Zürcher Zeitung, é moderna apenas no papel: é certo que introduz um limite de dois mandatos de 7 anos ao Chefe de Estado; mas continua incerto, se tal se aplicará apenas a partir das próximas eleições em 2016. Teodoro Obiang rege a Guiné Equatorial desde 1979 "como se fosse propriedade sua". Daí que não admire que a oposição apelide o estado de criminoso: no artigo de 15 de novembro, pode ler-se que "a acusação foi confirmada, mesmo que indiretamente, ainda no mês passado", quando a Justiça norte-americana "confiscou bens de "Teodorin" Obiang no valor de 70 milhões de dólares". Entre estes contam-se uma vivenda de luxo na cidade de Malibu, no estado da Califórnia, um avião e 24 carros de luxo.

25 anos por conspiração nos ataques de 11 de julho de 2010 em Campala

Na edição desta quarta-feira do Tageszeitung foi também tema o início do processo contra os suspeitos de terrorismo, acusados de terem levado a cabo os ataques à bomba em Campala, durante a final do Campeonato Mundial de Futebol a 11 de julho de 2010. O diário de Berlim lembra que nos atentados morreram 76 pessoas, mais de 70 outras ficaram feridas. Dois homens-bomba fizeram explodir os engenhos em locais públicos ocupados por centenas de fãs, mais tarde foram descobertos mais explosivos num bar da capital ugandesa. Estes foram os ataques terroristas mais sangrentos no leste de África desde os ataques às embaixadas dos Estados Unidos na Tanzânia e no Quénia em 1998.

Nos sete dias de luto pelos ataques de 11 de julho de 2010 em Campala, o parlamento do Uganda manteve as bandeiras com as cores nacionais a meio mastro
Nos sete dias de luto pelos ataques de 11 de julho de 2010 em Campala, o parlamento do Uganda manteve as bandeiras com as cores nacionais a meio mastroFoto: AP

Agora, as pistas levaram as autoridades ugandesas até aos países vizinhos: a milícia islamista somali Al Shabab reclamou os atentados, o que, de acordo com o Tageszeitung, "não surpreedeu: a maior parte das tropas que constituem a forca de paz da União Africana na Somália, que luta contra a Al Shabab, é do Uganda".

No ano passado chegaram a ser presos 36 suspeitos. 12 foram acusados de terrorismo, homicídio e cumplicidade em atos de homicídio. Os réus terão levado os explosivos para Campala e planeado os ataques.

Na abertura do processo, a defesa advogou que este iria contra a Constituição ugandesa. Os suspeitos detidos no Quénia e na Tanzânia teriam sido extraditados ilegalmente para o Uganda, onde teriam sido torturados enquanto se encontravam em prisão preventiva. Entretanto, dois ugandeses já se declararam culpados pela aquisição de explosivos e por conspiração no planeamento de um ataque terrorista. O juiz fez já saber que, por estes terem confessado os seus crimes, poderão contar com penas de até 25 anos, num país onde a pena de morte costuma ser aplicada em casos de terrorismo.

Líder católico no país do voodoo

Na edição online desta sexta-feira, o Hamburger Abendblatt menciona a viagem do Papa Bento XVI ao Benim. Uma das razões da deslocação de cerca de dois dias é a publicação do sínodo, que "se baseia nas propostas que os bispos africanos entregaram ao Papa, na sua visita ao continente em 2009" e constitui a futura linha de orientação para os católicos locais. A primeira viagem de Joseph Ratzinger a África levou-o a Angola e aos Camarões. Por essa ocasião, já durante o vôo, o Sumo Pontífice foi alvo de críticas devido às suas anteriores afirmações referentes ao uso de preservativos no âmbito da luta contra a sida.

A igreja de St. Michel (foto), em Cotonou, prepara-se para exibir um cartaz com a imagem de Bento XVI durante a sua visita ao Benim
A igreja de St. Michel (foto), em Cotonou, prepara-se para exibir um cartaz com a imagem de Bento XVI durante a sua visita ao BenimFoto: dapd

Autora: Marta Barroso
Edição: António Rocha